Lá vem o meme!

Leila Loureiro revisita o passado e contextualiza memes da internet

09/08/2022 14:17 / Por: Leila Loureiro / Ilustração: Lucas Abreu
Lá vem o meme!

Gen Z, Millenials, Analógicos, Digitais. Qual a sua tribo? O Cringe é o novo “tio sukita”, só que com 20 anos a menos. A velocidade do tempo digital atropela quem não está ligado no meme do dia, que nada mais é do que a boa e velha fofoca, antes repassada de cadeira em cadeira, expostas nas calçadas do meu bairro de infância.

Sou do tempo (meu Deus, nunca imaginei que um dia escreveria isso...). Bom, sou do tempo do meme analógico. Corpo a corpo. Tipo: corre pra janela que lá vem o meme!!! Confuso? Então, pensa comigo. Anos 80. O cara da pamonha surgia berrando “pamonhaaaaeeecanjicademilhoverdeee”. Minha mãe esperava o “pamonheiro” passar pela nossa rua pra garantir a iguaria quentinha pro café da tarde. Eu nunca gostei de pamonha, mas o “jingle” não desgrudava da cabeça. Virou bordão entre as crianças da Cohab.

Quer outro hit analógico? Desafio da coreografia de “Envolver” é fácil, quero ver dançar “rala o pinto”, do cantor Zé Paulo, no asfalto quente da praia do murubira, em pleno carnaval anos 90 na ilha do Mosqueiro. Chora, Anira.

Outro viral das antigas reverbera até hoje no imaginário paraense: qual taxista tem coragem de pegar passageiro na calçada do cemitério da Soledade depois das 22h?  Influencer do além, a Moça do Táxi viralizou na base do boca a boca e até hoje causa calafrios nos motoristas de aplicativos que recebem a corrida em nome da cliente Josephina. Cancela que é cilada, Bino!

Por fim, o maior de todos os memes analógicos. Lá vem ele, montado em sua indefectível bicicleta, numa performance impecável. Enquanto desfilava pelas ruas, cheio de charme, geral gritava: olha o viado da bikeeeeeee!!! Hoje, nosso ciclista alado e amado, José Américo, conta com uma campanha solidária para ajudá-lo a tratar um problema de saúde.

Essas personagens do imaginário paraense comprovam que os analógicos, cringes e millenials não devem temer a modernidade da última geração. É muito bom manter-se sempre atualizado, mas sem descartar tudo o que veio antes. Outro dia, ouvi alguém de vinte anos dizer que prefere as músicas da “geração de agora”. Daí pensei: mas não estamos todos juntos vivendo o agora? Caetano, Gil e Chico não são atuais? Envelhecer tá na moda e todo mundo faz!


Leila Loureiro

Mais matérias Leila Loureiro

publicidade