Prefiro sentir que estou certo a estar de fato certo

Em sua estreia como colunista no Portal LiV, Marcelo Magalhães faz uma reflexão sobre a aceitação de novas ideias.

11/04/2022 17:05 / Por: Marcelo Magalhães Foto: Reprodução/Internet
Prefiro sentir que estou certo a estar de fato certo

Para escrever esse artigo pesquisei informações que me mostrassem quanto não estou certo sobre o que sei. Alguns fatos são impressionantes: 90% dos dados no mundo foram criados nos dois últimos anos, disse o Google dois anos atrás. 85% das profissões que existirão em 2030 ainda não foram criadas, afirmou o IFTF (Institute For The Future). Em 1950 levávamos cerca de cinquenta anos para dobrar nosso conhecimento de medicina. Em 1980, esse volume passou a dobrar a cada sete anos e, em 2010, em metade desse tempo.

O conhecimento tem prazo de validade. Sabemos. A questão é que nossas crenças não são revisadas no mesmo ritmo.

Adam Grant, reconhecido psicólogo organizacional, escreveu em seu último livro: “Somos ágeis em reconhecer quando os outros precisam rever seus conceitos, entretanto quando se trata do que sabemos e pensamos, preferimos sentir que estamos certos a estar de fato certos”.

Para ilustrar esse efeito um grupo de pesquisadores europeus resolveu promover uma experiência. Convocaram fundadores de 100 startups para um treinamento de empreendedorismo. Eles não sabiam, mas estavam sendo divididos em dois grupos. Um grupo foi treinado para o pensamento científico baseado em fatos e dados e o outro grupo não recebeu essa orientação. O grupo com a lente da ciência percebia a estratégia como uma teoria, as conversas com clientes se tornavam hipóteses e protótipos eram formulados para testes. Um ano depois, ao avaliar o resultado da experiência, o grupo de empresas sem a visão científica apresentou um lucro médio de 300 dólares, enquanto que as empresas do grupo com a lente da ciência lucraram em média 12.000 dólares. 40 vezes mais. Qual o motivo? Empreendedores sem o treinamento da visão científica tendiam a permanecer firmes em suas estratégias e seus produtos originais. Enquanto que o grupo bem-sucedido realizou mais que o dobro de modificações em sua estratégia. Em uma tradução: não é apenas o conhecimento acumulado, mas a capacidade de questioná-lo que vai nos conduzir aos nossos objetivos.

Talvez você não saiba, mas há um termo em inglês que vem sendo usado para nomear como viveremos de hoje em diante, seremos lifelong learners. Pessoas com uma vida ininterrupta de aprendizados, com uma nova competência: a de aprender a aprender.

Preparado?


Marcelo Magalhães

Mestre em administração pela USP e

Pesquisador de mercado especialista

em comportamento de compra e consumo.

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