Pura natureza

A riqueza natural, a tradição e a paz de espírito são algumas das maravilhas que a Costa Rica oferece.

14/08/2014 11:52 / Por: Bruna Valle / Camila Barbalho/ Fotos: Internet
Pura natureza

Como uma esmeralda incrustada no peito da América Central, logo ali entre a Nicarágua e o Panamá, a Costa Rica é algo além de um país: é um convite. Um lugar que acena ao convívio com a natureza, e também ao encontro com a história de seus museus. É a aventura de vulcões em atividade e a paz de um povo sem pressa. Oferta tanto o maior número de orquídeas do planeta quanto a democracia mais consolidada da América Latina. Não importa muito sob qual prisma se olhe – a Costa Rica tem algo de impressionante (ou, ao menos, curioso) para oferecer. Um país que reserva uma mistura harmônica entre o tradicional e o moderno. É possível voltar no tempo e no espaço, se quiser. Pode-se mergulhar na história de um povo antigo que conserva muito de sua cultura ancestral, mas também experimentar outra ideia de modernidade: uma versão mais amena e alegre, de um povo que vive harmonicamente entre o novo e o velho, como muito pouco se viu.

 “Sem ingredientes artificiais”. É assim que a população gosta de se auto intitular. Faz bastante sentido: metade do território do país é coberta por florestas e um quarto é protegido por leis ambientais – o que faz do ecoturismo uma das principais forças da economia local. Recuperando-se exponencialmente de uma recessão ocorrida em 1997, foi graças à habilidade em receber pessoas e ao seu tesouro natural que a Costa Rica se reergueu. A cultura em torno dos redutos ecológicos é tão presente que ganhou um dia para celebrar: 24 de agosto, o “Dia dos Parques Nacionais”. Neles, é possível encontrar árvores centenárias e gigantescas, espécies animais raras e exóticas de vida selvagem – e ainda praticar esportes radicais como Sky Walk (trilhas por pontes acima da copa das árvores) e tirolesa. O Parque Nacional Corcovado é o primeiro nome a se destacar dentre as diversas áreas de conservação. Considerado pela National Geographic “o lugar mais intenso da Terra em termos de biodiversidade”, ele chama a atenção de ecólogos e turistas interessados em se aproximar da vida natural em sua versão mais genuína. Para estes, o Tortuguero também é ponto inesquecível: além da flora surpreendente, o sítio ecológico é tradicional ponto de desova das tartarugas marinhas. Um verdadeiro espetáculo.

Entre as paisagens ofertadas pelas reservas, outro destino comum dos turistas é o Parque Manuel Antonio, localizado a 157 km ao sul da capital, San José. Um dos lugares mais belos da Costa Rica, a região combina montanhas, folhagens verdes, areia branca e o belo mar caribenho. Não à toa, a praia Manuel Antonio é uma das mais populares no país. Para os amantes de sol, sombra e água fresca, também vale à pena visitar a praia de Puerto Viejo, em Talamanca, e a província de Puntarenas. Praia, aliás, é um privilégio que Costa Rica possui de maneira muito peculiar: o território usufrui de dois litorais, o atlântico e o pacífico – ambos com praias que podem ser visitadas na maior parte do ano. São 212 km de faixa litorânea na costa caribenha, e outros 1016 km na costa pacífica. Nem é preciso ressaltar que surfistas adoram viajar até o litoral do país.

Para quem prefere mergulhar em águas doces, a província da Alajuela é o ponto de partida. Lá, é encontrada a famosa La Fortuna: são 75 metros de queda d’água, proveniente do Rio Tenorio. O acesso à cachoeira custa apenas 10 dólares – e uma curta, porém árdua trilha. Na mesma província, se encontra o Rio Celeste, dentro do Parque Nacional Vulcão Tenorio. A fonte de água naturalmente tingida de azul pela atividade do vulcão atrai turistas durante o ano todo. Piscinas térmicas naturais se formam ao redor do rio, graças a rachaduras na encosta do Tenorio. Lá, é possível banhar-se e relaxar. Os vulcões de Alajuela, aliás, são parada obrigatória para os mais aventureiros. As montanhas que abrigam essas belas feras da natureza também estão em Parques Nacionais (que inclusive levam sempre o nome do vulcão lá localizado), o que oferece maior segurança e comodidade. Os mais famosos são o Vulcão Poás e o Vulcão Arenal. A província de Cartago também guarda montanhas famosas, como o vulcão Irazú e o Cerro Chirripó – este, já na fronteira. O Chirripó é a montanha mais alta de Costa Rica, e fica na Cordilheira de Talamanca. A paisagem visualizada do alto de seus quase quatro mil metros de altura é algo impressionante: em dias claros, se vê tanto o Oceano Pacífico quanto o Atlântico. O maior bem religioso da Costa Rica também está em Cartago: a Basílica de Nuestra Señora de Los Ángeles. A igreja católica de arquitetura bizantina recebe, no mês de agosto, mais de 2,5 milhões de fiéis do mundo inteiro. A maior parte desses segue em uma romaria similar ao Círio de Nazaré, porém mais extensa (22 km, ao todo), em homenagem a sua padroeira.

O investimento em preservação ambiental e na criação de diversos sítios de conservação ajudou a Costa Rica a organizar seu fluxo turístico, além de render bons frutos para a qualidade de vida da população. Tais políticas renderam reconhecimento internacional e excelentes colocações em rankings internacionais – por exemplo, o país é o primeiro da América Latina em Competitividade Turística e em Desempenho Ambiental; além de ser o segundo na América Central com o maior IDH. Os esforços por uma vida mais próxima da natureza não pararão por aí porque aparentemente o governo anunciou um planejamento para se tornar a primeira nação do mundo neutral em carbono até 2021 – quando completa seu bicentenário de país independente.

Mas nem só de natureza sobrevive a Costa Rica. O lugar é riquíssimo em cultura e reconhece seu valor justamente na diversidade. Prova disso é a quantidade enorme de centros que carregam aspectos importantes de sua história. A capital San José é emblemática nesse sentido. É como uma porta que se abre entre o passado e o presente cultural da América Central. Seus museus guardam os mais preciosos artefatos históricos indígenas, sua forma de vida, costumes e arte. O Museu Nacional da Costa Rica é o mais famoso da cidade e é o responsável por salvaguardar a história natural e arqueológica do país, além de importantes estudos antropológicos lá realizados. A organização possui uma notável coleção de artefatos da era pré-colombiana e da história religiosa de seu povo. Lá também há um belo jardim de borboletas chamado “Plaza de la Democracia” – outra fonte de orgulho local. Explicamos: a democracia costarriquenha é a mais consolidada da América Latina e uma das vinte mais antigas do mundo. A paz é um bem tão precioso para a população que o país se absteve de qualquer poder de guerra, tendo extinguido seu exército há mais de 60 anos.

Também merecem visita o “Museo de Los Niños”, que é voltado para crianças e possui atividades educativas sobre astronomia e ecologia; e o “Museo de Formas, Espacios e Sonidos”, que abriga esculturas, modelos de antigas construções e instrumentos musicais. Fora dos prédios oficiais, a expressão artística mais chamativa de Costa Rica é a pintura das rodas de carro de boi – o artesanato mais famoso do local, declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.  A tradição data do início do século XX, quando famílias inteiras transportavam café nesse tipo de veículo. As diferentes pinturas permitiam identificar desde a classe social até a origem dos grupos.

O clima do país varia bastante, embora seja geralmente denominado como tropical. As estações do ano não são bem definidas. Há sol o tempo todo – que nasce cedo, às 5h da manhã, e se põe por volta das 18h. Contudo, a diferença na geografia ao longo da Costa Rica faz com que as condições climáticas sejam bem divergentes. As cidades situadas em terras baixas têm clima mais seco e árido, enquanto as que ficam mais para o alto, nas montanhas, possuem atmosfera mais cinza e enevoada, com temperatura média de 13 °C. Na capital, a sensação térmica é amena, em torno de 22 °C, e conta com uma brisa bem-vinda de seu litoral costeiro. As chuvas são constantes do mês de maio até novembro. Já de dezembro a abril, elas aparecem pouco ou nem dão sinal. Embora o país não conte com inverno ou verão, é preciso estar atento para os tempos de calor intenso. De março a maio, período onde o calor predomina, a proteção solar é essencial para o dia a dia. No geral, o clima quente e úmido prevalece.

Para um brasileiro, a gastronomia da Costa Rica é até bem acolhedora. Entre as iguarias mais populares estão o arroz e o feijão – ingredientes principais do chamado “gallo pinto”. A comida típica pode ser encontrada em todos os cardápios do país – inclusive em redes de fast food internacionais, como o McDonald’s. A surpresa: a mistura é servida no café da manhã. Sim – o desjejum é caprichado e um tanto quanto pesado. A origem do prato é motivo de disputa entre Costa Rica e Nicarágua, mas é parte essencial da culinária local. Dizem que a receita foi trazida para a América Central por africanos que juntaram o que estava disponível – ou seja, apenas os grãos. É comum que o arroz e o feijão preto sejam a base das três principais refeições do dia nos lares locais, assim como a tradicional “água dulce” – bebida a base de açúcar amarelo. Por outro lado, os “ticos” gostam de estar em sintonia com a culinária mundial, por isso é normal encontrar comidas de diversas origens na capital do país.

A cidade de San José, importa dizer, é culturalmente efervescente. Seus habitantes são muito orgulhosos de sua música, poesia, teatro e manifestações culturais. Uma das festas mais importantes do país ocorre no fim de outubro: a Mascarada. Originada na cultura ameríndia, o evento ganhou novos contornos na época colonial, tornando-se uma festividade sincrética e multicultural. Até hoje, a população enche as ruas de San José com o rosto coberto por máscaras e cabeças gigantes – que lembram as do carnaval de Olinda, em Pernambuco – que dançam ao som de músicas folclóricas e fogos de artifício. A variedade musical do país é outra atração à parte: tambito, parrandera, valsa, bolero, cuadrilla, calypso, chiquichiqui e mento são alguns dos gêneros encontrados na Costa Rica. Não dá para explicar a sonoridade. É preciso sentir os timbres únicos e dançar com os moradores.

Os costarriquenhos são, de longe, o melhor do país – além de considerados as pessoas mais felizes do mundo pelo índice “Happy Planet”, da fundação inglesa New Economics. A avaliação combina longevidade, felicidade e baixa degradação ambiental.  Pelo lema “pura vida”- “a vida é boa”, em tradução livre -, dá para compreender as razões para o título. O costarriquenho possui uma maneira simples e serena de ver o mundo. Talvez por isso seja um dos povos mais longevos, com expectativa de vida de quase 80 anos. Em cidades como Nicoya, as chances de chegar aos cem anos é sete vezes maior que no Japão, outra referência no assunto. O motivo disso? Os “ticos”- como costumam chamar uns aos outros - ficam longe de atividades estressantes e não tem pressa de viver. A maioria de seus costumes se harmoniza com o meio ambiente. É um povo mestre na arte de empatia e generosidade, e muito caloroso com os visitantes de suas cidades. Eles adoram ver gente nova chegando para conhecê-los.

Como chegar

Os voos mais frequentes partem de Lima (Peru) ou Quito (Equador), pela TACA; e pela Copa Airlines, via Panamá. Partindo de São Paulo ou Rio de Janeiro, oito companhias aéreas oferecem voos para San José: Lacsa, Avianca, Taca, United Airlines, US Airways,  American Airlines, Gol e Copa.

Os brasileiros não precisam de visto de turista para entrar na Costa Rica. Porém, devem apresentar no momento da chegada ao país o passaporte válido por pelo menos seis meses, passagem de saída do país e certificado internacional de vacinação contra a febre amarela.

Dentro do país, a forma mais barata de viajar é de ônibus – o Tica Bus. Porém, para viagens mais longas, é mais confortável alugar um carro ou contratar um táxi. Se decidir pela segunda opção, atente ao símbolo dos táxis cadastrados no país: eles possuem triângulos amarelos nas portas.

Curiosidades

• A Costa Rica se divide em sete províncias: Guanacaste, Alajuela, Heredia, Cartago, São José,

Limão e Puntarenas. Elas se subdividem em 81 cantões e estes  em 463 distritos.

• As ruas costarriquenhas não têm nomes e a casas não tem número.

• A moeda local se chama Cólon, embora o dólar seja bastante aceito em hotéis, restaurantes e

comércio em geral.

• A Organização Repórteres Sem Fronteiras premiou a Costa Rica como o país n° 1 na América

Latina em liberdade de imprensa

• É o país com maior quantidade de orquídeas do planeta, com mais de 1.000 espécies. A orquí

dea é a flor-símbolo da Costa Rica.

• O país não possui exército desde 1948

• A Isla del Coco, território costarriquenho, é a maior ilha desabitada do mundo e foi cenário do

filme “Jurassic Park”.

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