Como Portugal se transforma para festejar seus santos mais populares: João, Pedro e Antônio. Aqui tem festa junina, ó pá!
Como sugere a propaganda, desapegue. É preciso esquecer um pouco os sabores do vatapá, da canjica e do mingau de milho. As fogueiras são acesas, mas para assar milhares de sardinhas que, colocadas em fatias de pão, são distribuídas pelas ruelas de Lisboa. Novamente, desapegue. Deixe de lado a imagem de que sardinha vem em lata e com gosto forte. Essa, fresca e assada na hora, tem outro encanto.
Aproveite o petisco para, claro, degustar um bom vinho, servido nas ruas mesmo. Afinal, é 12 de junho, véspera do dia de Santo Antônio, padroeiro da capital de Portugal. E, além da data sugestiva para os casais brasileiros (pois em Portugal o dia dos namorados é comemorado em 14 de fevereiro), a cidade fica em festa, com as ruas apinhadas de gente. Para variar, vale experimentar outras presenças garantidas no cardápio: as “bifanas grelhadas”, que nada mais são do que bifes grandes de porco, e o caldo verde, parecido com aquele bem conhecido nosso, mas, para o desespero dos que gostam de incrementos, a porção costuma vir com apenas uma rodela de chouriço.
A festa não é feita só de comida. Nesse dia os portugueses – e turistas, claro – lotam os bairros mais antigos de Lisboa para desfilar com as suas fantasias e entoar as suas canções, numa espécie de carnaval do velho continente. Quem não desfila, aprecia e acompanha a movimentação, que costuma durar até altas horas da madrugada.
Mais ao norte, no Porto, a celebração é diferente. Na cidade, fogos de artifício iluminam o céu exatamente à meia-noite. Não é réveillon.
Essa é a tradição para celebrar, na passagem de 23 para 24 de junho, o dia de São João. O espetáculo dos fogos refletidos nas águas do rio Douro fica ainda mais interessante com os balões de ar quente que sobrevoam o cais da Ribeira, um dos pontos mais bonitos da festa.
Festa que fica animada nas ruas, com uma brincadeira típica, que consiste em populares batendo – de leve, fique tranquilo – um martelo de plástico na cabeça dos foliões que se juntam à multidão. Se levar uma dessas, entenda como um carinho e retribua, de preferência, com um sorriso. E tenha energia de sobra, afinal, para muitos, a noite acaba junto à praia, para ver o nascer do sol.
As festas dos santos populares têm fim no dia de São Pedro, o santo protetor dos pescadores, comemorado em 29 de junho.
Nas vilas tradicionais de pesca de Portugal, como é o caso de Sintra e Évora, as paisagens repletas de castelos medievais ganham mais vida e as ruas são tomadas por desfiles e arraiais. As celebrações em Sintra começam pela manhã, com o hastear da bandeira nos Paços do Concelho (sim, é com C mesmo). Durante esse dia, aproveitando a grande movimentação de turistas na cidade, costumam ser abertas temporadas de novas exposições de arte.
Cidades diferentes, costumes distintos. Porém, algumas tradições são comuns. Uma delas é saltar a fogueira. E, se você estiver andando com a sua melhor companhia, não estranhe se alguém oferecer pequenas imagens dos santos homenageados ou vasos de manjericão. Em Portugal, são sinais de fertilidade e bons fluidos ao casal. Se a simpatia funciona, não há como provar. A certeza é que na decoração de casa, a lembrança vai sempre cair bem.