O Amor segundo os símbolos

O amor está no ar. Fomos investigar a "iconografia" do sentimento mais evocado de junho.

18/06/2013 09:48 / Por: Fábio Nóvoa
O Amor segundo os símbolos

Junho é aquela época em que o amor parece estar em toda parte. No Brasil, o período compreende desde aqueles que vivem o cálido início dos romances – os namoros comemorados no dia 12 – até aqueles que ainda procuram uma alma gêmea com quem dividir a vida – e haja promessa para Santo Antônio, o casamenteiro. Seja como for, os dias do sexto mês do ano são inspiradores para quem está apaixonado. Para expressar o sentimento, vale toda sorte de manifestação: corações, rosas vermelhas, cupido... Mas você já parou para se perguntar de onde vem toda essa simbologia? O porquê de tais ícones serem considerados românticos? A Revista Leal Moreira, movida por essa curiosidade, foi investigar para você. Confira a história por trás de alguns desses elementos que muito fizeram suspirar casais mundo afora:

Ele é o responsável pela felicidade de milhares de casais pelo mundo. Com seu arco e flecha, vagueia pelos céus, sempre à procura do momento perfeito para unir casais felizes, que desfrutarão de mais um Dia dos Namorados juntos. O Cupido, com boa margem de certeza, é o maior símbolo do amor – e representante certo daqueles momentos de ansiedade, suspiros e borboletas no estômago.

Também chamado de Eros, na mitologia grega, ele é o mais belo dos deuses; filho de Ares, o Deus da Guerra, e Afrodite, a deusa do Amor e da Beleza. É representado por um menino com asas de anjo, com arco e flecha na mão, que marca o momento que o casal se apaixona. Foi na Roma Antiga que ele ficou conhecido como Cupido, filho de Vênus (também deusa da beleza) e Mercúrio (o veloz mensageiro dos deuses).

Cupido teria se apaixonado por Psyché, mas não conseguia conquistar o seu amor. Por ciúmes, Vênus ordenou a Cupido que fizesse com que a jovem se apaixonasse por um monstro. Mas, Cupido, apaixonado, colocou-a num palácio, onde a visitava regularmente. A única condição era que ela não podia olhá-lo, pois era uma mortal. Curiosa, ela acabou contemplando o seu amor, enquanto ele dormia e ele acabou punindo-a por isso. Expulsa do castelo, vagou à procura do amado e encontrou Vênus, que lhe deu muitas tarefas em troca do amor do filho. A última seria guardar uma caixa, onde estaria a beleza de Perséphone. Psyché abriu a caixa e caiu em sono profundo. Quando soube, Cupido desfez o encanto e ela acabou presenteada pelos deuses para viver eternamente ao lado do grande amor. Independente da referência (seja grega ou romana) o Cupido segue vivo no imaginário popular e nas canções de amor – como na faixa de Cláudio Lins, filho do célebre Ivan Lins, que carrega o nome do anjo-deus e retrata o exato momento de sua flechada: “Eu vi quando você me viu/ Seus olhos pousaram nos meus num arrepio sutil (...) Eu sei que ninguém percebeu/ foi só você e eu”.

Outro velho conhecido dos apaixonados é o coração, rabiscado em cartas apaixonadas, entre suspiros nos diários secretos ou mesmo posto entre as imagens de uma videomontagem romântica. Homero dizia que o órgão era símbolo da coragem; os budistas, da razão. Entre os egípcios, os insensíveis já eram considerados “sem coração”. A bíblia diz que Deus “olha para o coração do Homem”. Ainda no Egito, todos os órgãos eram retirados depois da morte, menos este.

Simbolicamente, o Coração também é considerado o centro do homem. O termo grego kardia (coração), os latinos cor (coração) e cardo (polo, eixo terrestre, eixo principal) têm radical igual. E foi a partir da Idade Média que ele se tornou um símbolo claro do amor, assim como de santos. Ali, ele começa a ser cantado, em verso e prosa, pelos trovadores (“Já tanta paixão/Valer não pudera/se vos não tivera/ em meu coração”), e acaba imortalizado até os dias de hoje, sobretudo pelos músicos – como Chico Buarque fez em Luiza, para citar apenas um exemplo (Eu sou apenas um pobre amador/ Apaixonado/ Um aprendiz do teu amor/ Acorda amor/ Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração).

Igualmente pensada para agradar os corações está a rainha das flores: a Rosa. Encontrada na natureza desde períodos pré-históricos, a flor vermelha começou a ser cultivada na China, por volta de cinco mil anos antes de Cristo. Usada para saúde e para a beleza, se tornou um remédio indispensável para os chineses. Três mil anos antes da nossa era, a Mesopotâmia, e a Grécia também praticavam a cultura da rosa.

Segundo a Mitologia grega (de novo), a Rosa foi criada por Clóris, deusa das flores (Flora entre os romanos), com o corpo inanimado de uma ninfa. Foi consagrada a Afrodite, deusa do amor, e depois a Vênus, na época romana. Cupido usava uma coroa de rosas, assim como Príapo, deus dos jardins e da fecundidade. Uma das versões da mitologia grega diz que ela ficou vermelha com o sangue de Adônis e Afrodite, que, ao correr em seu socorro, teria se machucado num arbusto de rosas brancas. Na antiguidade, era usada nas cerimônias de casamento.

Na Idade Média, a literatura deu à flor o significado do amor, com o alegórico Romance da Rosa, de Guillaume de Lorris – um best-seller do século XIII, verdadeiro manual de amor cortês, no qual a flor representa a amante. O Renascimento associava à flor o amor eterno. Pintores usavam a flor em quadros, como Boticelli. Não raro, as rosas estão aí, presenteando homens e mulheres como representação do amor.

Pequenos (grandes) gestos

Em tempos que o mercado está de olho nesse público, os elementos culturais que remetem à paixão espalham-se pelas lojas e propagandas: corações, rosas, e muito vermelho. Mas quem encontrou sua cara metade (ou ainda procura) sabe que o amor romântico, esse que transborda as emoções, tem outros símbolos que, embora mais sutis, são tão importantes e marcantes quanto o do anjo mitológico de asas dentro da relação.

Guto Rebelo, 27, e Kézia Carvalho, 25, foram “flechados” de maneira curiosa. Eles se conheceram em um estúdio de TV. Ela, jornalista e produtora. Ele, músico e universitário. Ela produzia um programa de futebol e ele estava na banda convidada naquele dia de fevereiro de 2012. “Eu sempre chamava bandas para participarem, e em fevereiro de 2012 eu vi o Guto pela primeira vez. Lembro que ele estava usando uma camisa do Corinthians, que é meu time também. Ele tinha levado uns amigos, mas foi impossível não perceber o sorriso dele”, lembra Kézia.

Guto diz que foi paixão à segunda vista. “Eu arrisco dizer que me apaixonei desde a segunda vez que a vi, justamente no mesmo estúdio, em uma segunda oportunidade de ir lá”, garante. “Eu percebi que estava apaixonada mesmo quando eu sentia falta das ligações, da atenção especial nas redes sociais, nas mensagens. Antes de a gente começar a namorar, éramos bem próximos. Ele ligava, mandava mensagem, dava a entender que queria alguma coisa, mas eu não dava bola. Aí quando ele me deu um ‘gelo’, eu senti que já não dava mais pra ficar longe, sem se ver, sem se falar...”, diz Kézia.

Para eles, o grande “símbolo” do amor foi o casamento, ocorrido apenas seis meses depois que o namoro aconteceu. “O Guto não é religioso, mas abriu mão de todas as convicções dele pra fazer nossa festa de casamento, tudo do jeito que eu queria. Não só a festa, mas a cerimônia com o pastor da igreja que eu faço parte (Batista), e até mesmo fez um estudo de noivos comigo. Então, para mim, esse é o maior símbolo do amor, que vai se fortificando a cada dia. Quanto mais eu o conheço, mais tenho certeza que fizemos a escolha certa”, diz a jornalista. Hoje, os dois dizem que foi a melhor decisão de suas vidas. “Estar junto  é sorrir, é chorar, é desejar estar próximo, é um conjunto de coisas que sentimos e vivemos, mas que nunca queremos perder, é ter aquela pessoa por todos os motivos próxima a nós”, reitera Guto.

Assim, eles procuram manter a paixão, mesmo que a rotina não permita muitos momentos românticos. “Como somos muito ocupados, algumas vezes não temos como ligar mais ou tentar almoçarmos juntos, mas sempre que podemos estar juntos somos muito carinhosos um com o outro”, fala o músico. “Eu cuido dele, ele cuida de mim, tentamos respeitar o espaço um do outro, vou aos shows de hardcore que ele curte e ele vai às baladinhas comigo e com as minhas amigas... Tentamos fazer das nossas folgas do trabalho momentos felizes”, completa a jornalista.

Mas o dia a dia também permite pequenas demonstrações de amor por meio dos ícones do amor romântico. “Depois de um dia cansativo de trabalho para ele, num sábado, ele toca a campainha e eu vou abrir. Lá está ele com uma rosa na mão e com a nossa música (“You and Me”, da banda Lifehouse) tocando alto no celular dele. Abri o portão e começamos a chorar juntos”, lembra Kézia.

Já os “inimigos” declarados Alexandre Moura, 35, e Luiza Assis, 26, viram a relação mudar após um pequeno (e despretensioso) gesto. Ele, militar e ela, psicóloga.

“Achava o Alexandre exibido. Tinha de conviver com ele, porque era um grupo de amigos e ele chegou até nós, por meio de um dos meus amigos”, ela conta entre risadas. “No dia doze de junho de 2010 os solteiros do grupo decidiram sair juntos e lá estávamos nós: eu e ele, o antipático. Um coração recortado no papel – foi o presentinho dele para mim. Fiquei tão surpresa com o gesto, que na carona de volta para casa, e após uma noite surpreendentemente agradável, comecei a olhá-lo com outros olhos”, confessa. “O antipático tinha um coração”, ele interrompe entre gargalhadas. Não demorou muito para que decidissem morar juntos.

“Em todos os dias dos namorados, desde então, há corações de papel...”, Luiza finaliza.

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