Quem ama, cuida

Conheça pessoas apaixonadas pelos seus bichinhos de estimação, e alguns dos serviços voltados para o seu pet.

03/04/2014 14:06 / Por: Bruna Valle/ Fotos: Roberta Jardim/ Dudu Maroja/ AP Cynthia Coroa
Quem ama, cuida

Eles podem ter quatro patas, bicos ou nadadeiras. Não importa o jeitinho - cada vez mais pets estão em lares do mundo inteiro, fazendo parte da família de quem ama os animais. É mais comum ainda que esses amigos dos humanos sejam cães e gatos. O cão é um dos mais antigos animais domesticados pelo homem para o convívio em sociedade. Teorias apontam que o primeiro cão domesticado de que se tem notícia esteve na China do período Neoliítico. Já o gato, que também tem lugar garantido no mundo doméstico, começou este processo de aproximação - acredita-se - há cerca de 10.000 anos, quando foram atraídos por roedores às plantações de cereais. Alguns registros egípcios antigos, por volta de 2.300 a.C., já apresentavam referências ao convívio com os bichinhos.

Se não se sabe bem como se deu o processo de entrada deles nos lares, é fato sabido o bem que eles trazem pro cotidiano. Pesquisas sobre os efeitos benéficos de ter um companheiro como estes saem todos os dias, revelando uma nova faceta da interação com eles. Retribuir o afeto desinteressado que os animais proporcionam é cada vez mais imperativo. Por isso, não podemos deixar de notar o aumento no número de serviços oferecidos para cuidar desses amiguinhos. O site da Revista Leal Moreira mostra para você o que de mais novo e inusitado existe para este “público” em Belém – que muitas vezes é encarado como luxo, mas na verdade é uma alternativa para quem se preocupa com o bem estar dos bichos de estimação.

O veterinário João Fonseca, há 36 anos na profissão, conta que este crescimento na oferta de serviços tem a ver com o papel do animal doméstico, que mudou muito. Antes, o cachorro, por exemplo, era da casa, mas tinha uma função definida: era o vigia, ficava no quintal. “Há trinta anos, os animais que se alimentavam com ração eram uma minoria. Eles comiam resto de comida. Com isso, vários problemas foram surgindo - assim como foi evoluindo o estudo da medicina veterinária, que mudou isso depois. Hoje é diferente: quando o animal entra na sua casa, passa a fazer parte da família”.

Atualmente, segundo João, a atenção se voltou para as necessidades dos bichos e seu bem-estar. Com esse movimento, o mercado abre cada vez mais opções. “Como membro da família, os animais de estimação ganharam uma atenção especial, quase como um filho. Se o filho precisa ir ao médico, eu levo; bem como meu cachorro, se ele precisar. Essa evolução já é uma realidade. Eles têm oftalmologista, traumatologista, ortopedista, várias categorias médicas. Tudo isso é muito positivo. Ele deixou de ser vigia e precisa de banho, roupa, limpeza de dente, uma estrutura que não se tinha no passado”.

Veterinária há 28 anos, Cynthia Coroa também acredita que os amigos peludos estão ganhando cada vez mais espaço e atenção de seus donos, e isso está “intimamente ligado às mudanças no estilo de vida da nossa sociedade” - que dedica cada vez mais amor e zelo  a eles. “A verdade é que ‘gostar’ de animais não é suficiente. Você tem que realmente amá-los para entender num simples olhar de um cão ou gato a intensidade subjetiva - não só da dor física, mas também de dores emocionais como medo, ansiedade, estresse, tristeza...Trata-se de amor incondicional ”.

Cynthia tem uma clínica veterinária e oferece vários serviços especializados para os animais: dermatologia, cardiologia, anestesiologia, cirurgia e até acupuntura. Ela explica que  a “acupuntura – por exemplo - é uma técnica milenar da MTC (Medicina Tradicional Chinesa), e pode ser aplicada a vários tipos de enfermidades, tanto físicas quanto como terapia adjuvante nos distúrbios comportamentais”.  Ou seja, para quem acha que um serviço como esse se trata de “luxo”, a veterinária esclarece que a prática auxilia bastante na “reabilitação locomotora, principalmente em animais com discopatias (protusão/extrusão e discos intervertebrais, conhecida como "hérnia de disco"), na reabilitação das sequelas de cinomose (virose canina que provoca paralisia) e também no controle da dor (seja por ex-artroses graves, tratamento oncológico ou dor pós-operatória de cirurgias ortopédicas)”.

Quem também investe no bem estar dos bichinhos é a arquiteta Maria Elisa, que viu seu próprio amigo de estimação ser maltratado e se inspirou nisso para abrir, com seu irmão, um pet shop onde a regra é uma só: amor. “Animais, crianças e idosos, não tem como maltratar. Diferente dos dois primeiros, o animal é irracional. Eu não admito que ele seja maltratado. Inclusive eu aviso para os meus clientes: me avise se o seu animal não quiser entrar aqui, porque aqui ele é o mais importante e tem que ser bem tratado sempre. É um amor incondicional que eles têm, são os melhores clientes que podemos ter, os mais tranquilos”.

Maria conta que, além de outros diversos serviços que oferece, a creche é um diferencial em seu negócio - uma opção que pode parecer “supérflua”, mas que faz toda a diferença no comportamento dos cachorros. “ Atualmente as pessoas moram em apartamento, passam o dia fora e os cachorros gastam a energia toda fazendo coisas erradas em casa. Aqui, tenho um espaço amplo todo pensado para eles gastarem a energia – que eles têm de sobra – e se divertirem. Quando eles não tem esse momento, ficam estressados. Não é bom nem para eles, nem para os donos”.

Saindo do campo da saúde e bem estar, os animais de estimação também já podem contar com um estúdio fotográfico especialmente para eles. Sim: a fotógrafa Roberta Jardim - que já trabalhou com fotografias de cavalos, bois, fazendas - agora escolheu o universo pet para se dedicar. Ela explica o porquê: dá muito mais liberdade. “É alegre fotografar bichos de estimação, porque ficamos mais juntos e me distraio mais. E como fotógrafa, os pets dão mais liberdade para criar. Com cavalos é diferente, existem regras e protocolos a seguir – quando não é em movimento, a pose é pré-definida. Tudo é pré-definido. Aqui eu posso soltar a imaginação, arrumar cenário e muito mais”.

No estúdio, a fotógrafa se desdobra e inventa mil distrações para conseguir as melhores poses dos amigos peludos - mas garante que, mesmo assim, prefere eles a fotografar pessoas. “Fotografo há 11, anos e não tenho muito interesse em fotografar pessoas. Claro que já fiz e faço isso, mas os pets são minha “menina dos olhos”. Achou bobagem? Não se engane: muitas pessoas já estão procurando Roberta para eternizar seus amigos em belas fotografias.

Dyego Braga é administrador e está sempre ligado no que é novidade boa para seu amigo canino chamado Príncipe - cachorro da raça Yorkshire, que deu de presente para sua mãe. Ele é quem acompanha o cão em seus compromissos, como banho, tosa e até em seu book. Ele conta que o cachorro faz jus a seu nome e é a realeza da casa. Sua mãe não economiza quando o assunto é seu mascote. “Sempre digo que o banho dele é mais caro que o meu. O xampu é mais caro. A cama dele é muito boa, confortável. Come da melhor ração. Tudo dele é de primeira. O melhor tratamento você quer oferecer, com remédio, com exame, com saúde, com tudo. Jamais vamos deixar que ele sofra, o carinho por ele é imenso”.

Dyego já contratou os serviços de Roberta para Príncipe, e garante que não é só um mimo: é uma forma de guardar lembranças de um amigo tão querido. “Tudo que é de cachorro eu acho legal, me informo. Já queria fazer um book dele. É interessante, porque. às vezes, eles são mais importantes para o dono do que um primo distante, por exemplo. O cachorrinho está contigo diariamente, acorda e dorme contigo. E as fotos, tendo em vista que o tempo deles é muito curto, são uma oportunidade de guardar na memória e materialmente as recordações do animalzinho que fez parte da sua vida. Eles só vêm neste mundo para trazer amor e felicidade para quem tem a oportunidade de conviver com eles”.

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