Serão 40 pessoas, entre jornalistas, artistas plásticos, teólogos e convidados ilustres (como o presidente do turismo português, Paulo Machado, o Padre Fábio de Melo e o ator Eriberto Leão, que viveu Jesus na Paixão de Cristo em Pernambuco) que terão a missão de emprestar suas visões ao sentimento no qual o Pará inteiro está imerso e traduzir essas impressões para quem nunca assistiu à procissão. “O camarote não tem nada a ver com carnaval. Estarão nele pessoas que têm pertinência e podem reproduzir a nossa cultura com respeito, amor e talento”, resume Fafá.
A ideia, que surgiu há mais de dez anos, encontra amparo em uma conclusão muito simples: não dá para traduzir o Círio. “Se você for explicar para um jornalista, ele não vai entender do que se trata. E pra nós é tão natural que já estamos acostumados, mas quem vem de fora não. É preciso que o Círio seja cada vez mais falado por nós”, acredita. “Por isso essa necessidade de trazer pessoas que com a sua arte aproximem o Círio do resto do país e do mundo. Estamos fora do eixo dos acontecimentos e isso precisa ser mudado”.
O camarote, que recebeu o nome de “Bom dia Belém”, em homenagem à bela canção de Adalcinda Camarão e Edyr Proença, receberá as redações dos maiores e mais importantes veículos brasileiros de comunicação. “O Círio é isso mesmo”, justifica Fafá. “É abrangente; ele agrega e a todos alcança. Por que na mídia seria diferente? Assim, conseguimos abrir um leque pra quem lê de revista de celebridade aos editoriais dos semanários políticos”.
Dom Alberto Taveira abençoou a iniciativa e demonstrou estar entusiasmado com a ideia. “Fiquei muito impressionado com o projeto da Fafá. Isso vai nos ajudar a mostrar de um jeito mais completo o que é essa manifestação religiosa, que inclui ainda aspectos culturais e sociais muito fortes”. E complementa: “o Círio é uma força única, então quando a gente encontra um artista paraense que nos ajude não só a divulgar como também a compreender a grandeza que nós temos, isso é um presente de Deus”. Fafá também se empolga: “se não estivéssemos tão acostumados com o Círio, entenderíamos melhor que nenhuma procissão é tão poderosa quanto essa”. Quando questionada em relação à continuidade do projeto, ela é taxativa: “só preciso de duas coisas: Deus querer, e a Nazoca disser ‘ok, gostei, ano que vem eu quero mais’”, encerrando a conversa com a deliciosa gargalhada que lhe é peculiar.