Especial
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Na contramão do consumismo, uma onda está chegando bem quietinha e ganhando espaço, alavancada principalmente pela força das redes sociais. A possibilidade de trocar ou compartilhar objetos e serviços, adquirir novos e usados pagando pouco ou nada tem atraído cada vez mais pessoas para a chamada economia colaborativa. O movimento ganha adeptos no mundo. Uma pesquisa realizada em 60 países mostrou que duas em cada três pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos. Um exemplo disso é o sistema de compartilhamento de bicicletas que foi instalado em alguns estados por um banco.
A base da economia colaborativa é construída por empresas e projetos que visam o compartilhamento pessoa-para-pessoa de bens como alimentos, serviços, moradia, automóveis, etc. Há pessoas que já escolheram o compartilhamento como estilo de vida fazendo co-working, por exemplo, onde mais de uma empresa ou profissionais compartilham o mesmo espaço, dividindo custos como água, luz, telefone, salários de funcionários, etc.
A razão do sucesso do movimento é alicerçada em três aspectos: o social, pois há pessoas abrindo mão do que não usam mais; o econômico, pois é possível ter acesso a produtos e serviços pagando pouco ou nada; e o tecnológico, pois muitos dos serviços se tornam conhecidos pelas mídias sociais e usam plataformas como aplicativos de celulares, por exemplo.
O conceito é novo, mas a prática nem tanto. Sabe aquele produto usado que você comprou em um brechó ou em um dos muitos grupos do Facebook? Pois é, isso também é um exemplo dessa nova onda. “Eu não sabia que o nome disso era economia colaborativa, é bom saber. Foi algo que me ajudou porque pude adquirir produtos bons, alguns importados que eu não conseguiria adquirir em outra situação”, comenta a administradora e empresária Layla Barbas. Ela entrou em alguns grupos e conseguiu comprar roupas e brinquedos para o primeiro filho, a preços mais baixos que os encontrados em lojas.
Ela fala que começou a investir em produtos novos, usados e seminovos quando soube dos grupos, por meio de amigos. “É bom pesquisar, conhecer o real valor do produto no mercado para saber se vale investir o preço que estão pedindo”, recomenda.
Grávida da segunda filha, ela diz que ainda permanecerá utilizando os grupos. “Isso é um problema para quem tem receio em usar objetos usados, mas há coisas que os bebês nem chegam a usar e que são vendidas quase pela metade do preço. Então, é uma boa oportunidade. Além disso, com o tempo conhecemos mais a nossa real necessidade de consumo. Pensamos mais antes de comprar algo”, comenta ela.
Para a bibliotecária Rita Almeida a compra de objetos usados e doação também exercitou o consumo consciente. “Muitas vezes acumulamos coisas que não usamos e nem necessitamos, ou ainda, descartamos objetos em boas condições e que podem ajudar outras pessoas”, destaca.
Ela já comprou e vendeu objetos por meio de grupos do Facebook e recomenda aos amigos. “É uma maneira de pensarmos melhor na durabilidade das coisas que consumimos e no mundo que queremos deixar para as próximas gerações. Cada produto deste tem um custo não só monetário, mas também ambiental. Então, se repassarmos esses objetos podemos minimizar os impactos dessa produção e também nos tornamos mais conscientes. Eu só vejo vantagens nesse movimento” analisa a bibliotecária.
Lojas para moradores de rua
Um exemplo do movimento é o “The Street Store – TSS que foi trazido para Belém pela estudante de psicologia Luciana Miranda. “Eu já tinha ouvido falar de uma loja em que tudo é colocado na rua e pensei em trazer para Belém. Há muitos moradores de rua aqui, essas pessoas precisam de ajuda e de proteção.
Além disso, muitas pessoas querem ajudar, mas não sabem exatamente como fazer isso”, explica Luciana.
Ela fala que o “The Street Store” surgiu na África do Sul e que diante do sucesso e da repercussão, acabou sendo repetido em diversos outros lugares. “O principal objetivo da TSS é levar dignidade a moradores em situação de rua. Antes de ser uma mera distribuição de roupas usadas, é proporcionar dignidade e inserção social, fazendo com que tais pessoas possam vivenciar experiências que, normalmente, não teriam como viver”, comenta.
Em Belém, o projeto conta ainda com apoio de cerca de 50 voluntários, mas a esperança é de que o grupo aumente, uma vez que a prática desse movimento está sendo cada vez mais conhecida em todo o mundo. “Talvez o conceito de economia colaborativa ainda seja vago para alguns, mas as ideias gerais do conceito são entendidas na prática. Antes de pensar em uma ação voltada para a economia colaborativa há uma vontade de ajudar e o principal é querer ajudar”, analisa a estudante.
Nas manhãs de domingo, durante o mês de julho o grupo estará arrecadando roupas, sapatos e acessórios em bom estado de uso, lavados ou higienizados, na Praça da República, ao lado da bilheteria do Theatro da Paz. A intenção é de realizar a grande ação no mês de agosto. A coordenadora fala que se for necessário, os voluntários poderão fazer a arrecadação na casa de quem quiser doar. Para saber mais sobre o projeto, procure a comunidade do TSS no Facebook. (https://on.fb.me/1IXp80r)
** Se você também quiser conhecer mais sobre a economia coletiva há grupos de trocas/compras de produtos nas redes sociais e ainda outras ferramentas:
• AirBnb: para aluguel ou compartilhamento de bens
• eBay, MercadoLivre e Enjoei para produtos novos, usados ou seminovos, cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para alguém.
2º Living Leal Moreira
A Leal Moreira celebrava o sucesso absoluto do Saverne Avant Première e do 1º Living Leal Moreira, eventos que mesclavam Arquitetura, design, artes plásticas, música, fotografia, moda e Gastronomia, e que foram ambientados em empreendimentos em obra do Grupo LM, quando, em 2007, realizou-se o 2º Living.
Congregando 34 arquitetos e mais de 90 empresas parceiras para a montagem dos ambientes decorados do apartamento (Torre de Toledo), além das empresas parceiras nos espaços de serviços (como restaurante, banco etc), o Living Leal Moreira foi um exemplo prático de economia colaborativa, muito antes de o conceito virar uma tendência mundial. Durante todo o período do evento, estimou-se a troca de serviços, favorecendo um salutar espaço para diálogo e negociações.
Conheça mais em www.lealmoreira.com.br