A filosofia sempre buscou se perguntar o que nos torna humanos. A racionalidade pode ser a resposta de muitos, mas talvez esta complexa questão esteja além do compreensível. Ao menos é este o cerne do filme A Sociedade da Neve, disponibilizado na Netflix no começo deste mês.
A história na qual se baseia o longa é verídica. Em outubro de 1972, o avião que levava o time de rugby do 'Old Christians Club', na rota do Uruguai ao Chile, acabou colidindo com uma montanha na Cordilheira dos Andes. Além dos jogadores, o voo também contava com familiares e amigos, totalizando 45 passageiros.
Uma dura história de sobrevivência, os que saíram vivos da queda precisaram encarar nevascas, fome e medo do resgate chegar. Para sobreviver, alguns escolheram o extremo: comer os restos dos corpos das vítimas.
4 décadas separam realidade da ficção, e contextualizar A Sociedade da Neve não seria tão difícil. Retratado também em 1993, com Vivos (estrelado por Ethan Hawke), a visão do diretor J.A Bayona (O Impossível, 2012), busca não sensacionalizar os acontecimentos no longa, mas sim contar uma história de desespero, angústia e bravura.
A representação gráfica impressiona. Dramatizando a fatídica queda (apesar de maneira um pouco diferente da realidade), a maquiagem e aparência física dos atores é digna de tornar crível os acontecimentos dramatizados. Na direção de câmera, a sensação é de estar enclausurado junto aos personagens a cada momento que se passa.
A Sociedade da Neve é um daqueles filmes que não possuem tantas camadas, e vai direto ao ponto, narrando não somente as dinâmicas de sobrevivência, mas também momentos de drama e incertezas em relação ao futuro dos próprios personagens. Não à toa, a direção de Bayona foi escolhida pela Espanha para representar o país no Oscar, como também passou a figurar na lista dos 15 finalistas da Academia na categoria de Melhor Filme Internacional.
Mais do que entretenimento, a mensagem que o longa busca passar é que, durante os momentos de maior dificuldade, tudo o que se há são uns aos outros. Talvez esta seja a maior virtude do longa: impressionar, mas também tocar e levar a uma reflexão sobre o todo.
★ ★ ★ ★ ★ (excelente)