Do sonho à realidade

Realizar uma grande mudança de vida envolve sair da zona de conforto e saber lidar com possíveis frustrações.

13/02/2015 16:39 / Por: Flávia Ribeiro
Do sonho à realidade
Não ter casa e trabalhar o dia de hoje para garantir a sobrevivência de amanhã tem sido parte da “rotina” da jornalista Bárbara Rocha e do fotógrafo e videomaker Vagner Alcantelado há uns anos. Quando empacotaram os objetos e desembarcaram na Nova Zelândia, em dezembro de 2012, o casal sentiu o frio da barriga típico de quem está dando um grande passo para a realização de um sonho. “Presos dentro de um escritório, das 9h às 19h, tínhamos a sensação de que a ‘vida’ estava acontecendo do lado fora, que não estávamos vivendo de forma plena. Tantos lugares, pessoas interessantes e experiências para vivermos! Não queríamos deixar nossos melhores anos passarem e vivermos essas experiências somente durante as férias ou quando estivéssemos aposentados”, relembra Bárbara.
 
Eles tinham muitas ideias e energia e desejavam canalizar tudo isso para algo que trouxesse satisfação pessoal e que também pudesse ser viável financeiramente. E assim surgiu a ideia do projeto “Melhores Momentos da Vida”, uma série independente para TV, que acompanha as viagens pelo mundo, com foco para as atividades de aventura, cultura e belezas naturais dos países.
 
 
Eles passaram seis meses pesquisando e fazendo contatos com empresas da Nova Zelândia, local da primeira temporada da série. O próximo passo era colocar o pé na estrada. “Não tínhamos nada a perder, se não desse certo sempre poderíamos voltar e recomeçar. Embora, a hipótese de voltar nunca tenha passado pela nossa cabeça, desde que deixamos o Brasil”, confessa Bárbara, revelando que é necessário planejamento de riscos e que, às vezes, é preciso fazer mudanças durante a execução do plano e estar atentos às oportunidades que surgirem. “Não tínhamos contrato com nenhuma emissora, por isso teríamos que arriscar, produzir a série por conta própria, do nosso bolso e só depois correr atrás e oferecer para uma emissora brasileira. Também não tínhamos grana. Saímos do Brasil com apenas grana para três meses e para comprarmos um carro. Foi aí que surgiu a ideia de criamos paralelamente uma produtora de vídeos itinerante especializada na criação de vídeos para hotéis de luxo e restaurantes. Para suportar os custos da viagem e da produção da série”.
 
O casal já concluiu a primeira fase do projeto, que foi todo na Nova Zelândia e tem 13 episódios. Agora os preparativos são para a segunda temporada, no sudeste da Ásia. Vender tudo o que levou anos para ser conquistado aqui no Brasil, partir em direção a um novo continente e realizar um sonho, implica em enfrentar desafios. “O principal, é a questão financeira. Temos que estar sempre pensando a longo prazo e planejando. O termo “nômade digital” está na moda e há uma “glamourização”, pelo fato de muitos blogs propagarem a ideia de que é fácil viver pelo mundo ganhando muito dinheiro e trabalhando pouco. Isso não é verdade! Nós trabalhamos muito, mais do que trabalhávamos no escritório do Brasil, pois lá nós tínhamos um horário pra cumprir e ao final do dia podíamos nos desligar de tudo, enquanto aqui, o “escritório” está sempre com a gente, onde quer que a gente vá. O sucesso do nosso projeto depende inteiramente do nosso esforço diário em conseguirmos novos clientes, para mantermos a grana entrando, e paralelamente a isso, precisamos filmar e editar nossa série pra TV e web, escrever no blog, divulgar o projeto, etc. É difícil encontrar o equilíbrio, às vezes, e realmente aproveitar os lugares para onde estamos viajando, de forma relaxada. Acho que este está sendo o nosso maior desafio! Mas mesmo assim está valendo super a pena! Estamos aprendendo muito”, analisa a jornalista.
 
Dar o primeiro passo para a realização do sonho é importante, mas se manter firme no caminho também é e como Bárbara já antecipou, mesmo enfrentando reveses no meio caminho, investir nos seus sonhos é uma experiência enriquecedora. “Viver pelo mundo sem casa não é pra qualquer um. É preciso “estar” sempre adaptável, saber improvisar e não ter medo de mudanças. Que cada um invista na sua própria fórmula, mas não tenha medo de buscar a felicidade, seja num escritório, ou viajando pelo mundo. Com foco, força e fé (na vida) se consegue tudo!”.
 
“Mudar e fazer o bem”
 
 
Às vésperas de mais uma virada de ano, Tatiana Solonca tinha poucos planos para 2014: queria emagrecer e ter mais um filho. Moradora da Grande Florianópolis, ela pesava 103 kg, já era mãe de Pedro, então com quatro anos e havia passado por dois abortos espontâneos em 2013, somando um total de cinco. A realização desses pedidos de ano-novo começou no dia 31 de dezembro, de uma maneira esperada.
Em um culto, ela conheceu Maria dos Santos, avó do menino João Victor, 4 anos à época, que pedia ajuda para conseguir um doador de fígado para o menino, que lutava desde os dois anos de idade contra um câncer. “Nós nos dispusemos a mobilizar pessoas na igreja e eu disse que faria o teste, mas sem jamais imaginar que seria compatível”, relembra.
 
O menino teve uma piora no quadro, por isso só em fevereiro ela desembarcou em São Paulo para fazer os testes. Dias depois veio a resposta: mesmo sem ser parentes consanguíneos, eles eram compatíveis. A partir daí começou toda a transformação de Tatiana. Ela já havia emagrecido espontaneamente e estava com 97 Kg na época do teste, mas precisava perder mais.
 
“Como eu estava desempregada, eu engoli o meu orgulho e fui pedir ajuda em uma academia. Lá tive todo um suporte para a parte física e nutricional, algo que eu jamais poderia pagar. Desde as roupas, tênis e parte da minha alimentação eu consegui lá. Foi uma onda, uma corrente de pessoas para ajudar o João Victor”, conta.
 
Ela tinha que correr contra o tempo para conseguir perder peso, pois o tumor poderia debilitar mais a saúde do menino. Em maio, eles tiveram a notícia de que o tumor havia aumentado e ele teve de passar por blocos de sessões de quimioterapia. Algo tão agressivo que o menino quase foi considerado como terminal. No entanto, antes do último bloco, o tumor havia regredido e era o momento de fazer a cirurgia, ela ainda teve que conseguir uma autorização judicial e em 20 de agosto a cirurgia foi realizada. Tatiana doou uma parte do seu fígado. “Mas para mim foi como um novo parto, eu senti que havia colocado mais um filho no mundo”, comenta.
 
O menino ainda passou mais de 40 dias internado até voltar para sua casa. E de lá para cá ele vem melhorando e ganhando pequenas batalhas diariamente. “Ele já tomou o primeiro banho de piscina e tem um topete, que adora. Até me pediu um xampu e um gel de presente” diverte-se.
Ainda emocionada, Tatiana relembra daquela virada de ano. “Eu havia perdido dois bebês naquele ano e ficava me perguntando por que eu não conseguia engravidar... Então, eu só queria duas coisas para 2014: emagrecer e um filho. Quando olhei para trás fiquei muito feliz com a história que Deus escreveu para a minha vida. Agora, quero vê-lo na escola, sonho com cada etapa, universidades, casamento, netos, enfim uma vida plena para meus filhos”. Planeja Tatiana, que manteve os bons hábitos e já está com 71 kg e planejando chegar aos 65 kg, alguém duvida de que ela consiga?
 
Para os sonhos saírem da fronha
 
 
Para a psicoterapeuta Michele Oliveira o autoconhecimento é o mais importante para a realização de sonhos. “Parece simples porque podemos responder que sonhamos em ter a casa própria, ter um carro, fazer uma viagem ou que alguém específico nos ame. Mas todas essas coisas são, na verdade, grandes ilusões pertinentes à nossa cultura e não necessariamente correspondem àquilo que realmente desejamos e que está de acordo com quem somos, com o que sentimos e que nos constitui a cada um. Então é bom estarmos atentos a duas questões. A primeira é desenvolver a consciência de que essas coisas podem nos proporcionar bons momentos, mas não definem a nossa felicidade e a segunda é ter clareza de qual a motivação está por trás desse sonho. Então, sob essa perspectiva, para as pessoas se organizarem para que seus sonhos se tornem realidade eu sugiro fortemente que elas iniciem um processo de autoconhecimento que as torne capazes de conhecer os seus valores e basear as suas prioridades nele. Porque você pode realizar maravilhas, mas se elas não estiverem afinadas à sua essência, você continuará em busca de algo que sequer sabe o que é. Ou quem sabe até você esteja se esforçando a vida toda pra alcançar algum objetivo, mas vem repetindo padrões que você não percebe que são improdutivos”, explica. 
 
Realizar uma grande mudança de vida, no entanto, envolve sair da zona de conforto, arriscar, se expor e saber lidar com possíveis frustrações. E por isso o autoconhecimento é o passo mais importante para as realizações, pois com ele vem auto- aceitação e isso vai fazer diferença no decorrer das mudanças. “Tudo bem ter um plano B, C ou D em várias situações da vida, mas ainda assim os riscos não deixarão de existir. E se você acha que o sonho que você quer alcançar realmente está de acordo com quem você é na sua essência, o mínimo que você pode fazer para ter uma vida plena é correr o risco. E se você chegou até esse ponto por meio de autoconhecimento e autoaceitação, você provavelmente passou por uma etapa em que pôde perceber não só que os riscos estão sempre envolvidos, mas também que você não precisa depositar toda a sua expectativa num único objetivo. Até porque a essa altura você provavelmente já terá entendido que o seu maior sonho se realiza quase diariamente, nas pequenas coisas que fazem seu coração vibrar, seu sorriso se abrir e que nem são coisas mesmo; são o que você é! Porque acreditando ou não, você tem tudo o que precisa pra ser feliz! Precisa apenas praticar, pois assim como várias outras coisas, felicidade também é questão de prática!” fala Michele.
 
Serviço
www.melhoresmomentosdavida.com
Página da Michele Oliveira:
www.facebook.com/ComportamentoIntegral/timeline

Mais matérias Especial

publicidade