2010 ficará marcado na história como o ano em que os livros impressos foram pela primeira vez superados em números de venda por suas versões digitais. Pelo menos é o que diz a Amazon (www.amazon.com), uma das referências mundiais no comércio online. De acordo com o balanço anual de vendas da empresa, a cada 100 livros impressos vendidos no ano passado, 143 e-books foram consumidos por leitores ao redor do mundo. É este o maior indício de que os livros digitais começam a dominar o mercado?
É inegável: qualquer nova tecnologia causa furor, traduzida na desconfiança do desconhecido ou na gana de desvendar a novidade. Foi assim com o barbeador elétrico, a torradeira, o computador, o mp3 e o cinema 3D. E foi assim também quando os livros saíram das estantes para ganharem um novo formato, uma versão eletrônica que prometia, desde o começo, mudar o mercado literário mundial.
O e-book nasceu em 1998 e não faltaram, desde lá, especulações sobre o fim do livro como o conhecíamos até então. Os rumores até faziam sentido. A nova invenção era deslumbrante: ao invés de folhas e mais folhas fazendo peso e dificultando locomoção e manuseio, a partir dali os livros estariam disponíveis em formato digital, podendo ser acessados por equipamentos eletrônicos como computador, notebooks e os e-readers - equipamentos específicos para a leitura de e-books.
A acolhida no mercado foi estrondosa. E a excitação se justificava não só pela novidade do formato, mas pelo suporte criado para a leitura dos livros digitais. Os e-readers foram idealizados para que o consumidor pudesse carregar sua biblioteca particular para qualquer lugar - e sem a menor dificuldade. Leves, pequenos, práticos e com capacidade de carregar centenas de títulos, eles custavam (e ainda custam, apesar de serem mais populares) um valor significativo. Além disso, as possibilidades de leitura em equipamentos móveis acabaram se expandindo. Smartphone, Iphone, BlackBerry, para ficar em três exemplos, agregaram em suas funções a possibilidade de leitura de livros digitais.
Resultado: a mobilidade, aliada às possibilidades de suporte, encanta muita gente. Um dos que enxergam com clareza os benefícios dos e-books é o estudante de design Filipe Alves. Consumidor assíduo de livros digitais, Filipe não desgruda do seu Kindle 3. “E-books são mais práticos, não pesam na mochila, são geralmente mais baratos e, em caso de livros clássicos, gratuitos. A grande vantagem, ou benefício, na minha opinião, é a facilidade de leitura. Dá para ler na cama segurando só com uma mão. Não dá para fazer isso com uma edição de papel do Dom Quixote, a não ser que você seja o Popeye”, brinca o estudante.
Livros populares a obras difíceis de serem encontradas: as possibilidades são muitas |
Para o jornalista Leonardo Aquino, que utiliza o Ipad (lançado no final do ano passado pela Apple) para ler, o que mais interessa na proliferação dos e-books é a possibilidade de ter acesso a títulos mais raros ou que dariam mais trabalho para serem encontrados nas versões impressas. “Além dos clássicos que já estão em domínio público e por isso são fáceis de achar em versões digitais, eu normalmente procuro títulos ligados a minha área de interesse acadêmico e profissional. No meu caso em particular, busco acesso a livros de universidades de outros estados ou países, por exemplo”, diz.
Para ter uma ideia do acervo disponível na internet, no final de 2010 a Google lançou sua loja virtual de e-books (www.google.com/books), disponibilizando mais de três milhões de títulos. E estamos falando apenas de uma das empresas que fazem este comércio. Há ainda as livrarias que dispõem de portais de vendas na internet e oferecem ainda mais variedade. Empresas como a Barnes&Noble (www.barnesandnoble.com) e as brasileiras Saraiva (www.livrariasaraiva.com.br) e Cultura (www.livrariacultura.com.br) mantêm acervos online. E se você for um bom fuçador, pode encontrar sites que promovem a a disseminação da literatura de forma gratuita. “O projeto Gutenberg (www.gutenberg.org) mantém todos os clássicos disponíveis para download gratuito, inclusive em português”, recomenda Filipe Alves.
São muitas as vantagens, mas é raro encontrar alguém que seja apocalíptico a ponto de culpar os e-books pela (improvável) extinção do livro impresso. “É besteira pensar que uma coisa vai acabar com a outra. O e-book, como formato, não vai matar o livro de papel. Eu e todas as pessoas que conheço que usam e-readers mantêm suas coleções de livros de papel”, considera Filipe. Leonardo compartilha da mesma opinião. “Agregar o e-book ao meus hábitos não mudou minha relação com os livros normais. Até porque, até agora, eu tenho usado mais os e-books para livros que não consigo acessar no jeito 'convencional'”.
Independente de opiniões, o e-book tem conseguido se adaptar ao fluxo incessante de invenções tecnológicas e ainda vai dar muito que falar, ou melhor, que ler por aí.
Longe de matar a velha mídia impressa, os e-books vieram somar ao universo cultural |
Fique por dentro dos formatos:
PDF – Formato da Adobe. É um dos mais utilizados, principalmente quando o suporte é um computador. É necessário baixar algum leitor deste tipo de extensão. Há várias opções como: Adobe Reader (https://get.adobe.com/br/reader), Foxit Reader (https://www.foxitsoftware.com/pdf/reader/) e o Sumatra PDF.
ePUB - (https://www.epubbooks.com) – Sigla de Eletronic Publication (Publicação Eletrônica). O formato não tem proteção de DRM (Gestão de Direitos Autorais, em português); promete ser uma espécie de mp3 no mundo dos livros digitais. Para ler arquivos com essa extensão existem o FBReader (https://www.fbreader.org/downloads.php) e o Digital Editions (https://www.adobe.com/products/digitaleditions/#fp) , da Adobe.
AZW – Utilizado para o Kindle. Os e-books da Amazon só utilizam esse formato. (https://www.fileinfo.com/extension/azw)
PRC/PDB - Extensões utilizadas em dispositivos Palm – como o Smartphone, por exemplo.