Na costa oeste da Suécia, Gotemburgo é a segunda maior cidade do país, com cerca de 938 mil habitantes na região metropolitana e que conta com vibrantes atrações – culturais, históricas e naturais. Os habitantes são gentis, simpáticos e solícitos e todo mundo fala inglês – em uma recente pesquisa, a Suécia foi apontada como o país de língua não-inglesa onde as pessoas têm o melhor nível do idioma.
Na cidade conhecida como “Lilla London” (Pequena Londres), por ter atraído muitos negociantes ingleses e escoceses no século 19, o turista poderá descobrir o melhor da arte nórdica e a história dos vikings nos museus; entrar em contato com a fauna e a flora locais nos diversos parques espalhados pela cidade e desfrutar das maravilhosas ilhas do arquipélago ao sul da cidade, com lindos campos de lavanda e praias de mar calmo entre as rochas, que são destinos obrigatórios dos moradores no verão.
A comida local é outro ponto alto: com muitos peixes – como salmão, arenque e bacalhau – e frutos do mar, além das indefectíveis almôndegas. Visitar os cafés e tomar um espresso ou um café latte é programa obrigatório e tem até um verbo próprio em sueco, “fika”.
É fácil movimentar-se por Gotemburgo, que possui uma eficiente rede de bondes elétricos – são 13 linhas que cobrem toda a cidade – e ônibus. Uma dica é comprar o cartão da Västtraffick, empresa oficial de transporte, e carregar com dinheiro ou cartão nos locais autorizados. Outra maneira fácil de deslocar-se pela cidade é alugando uma bicicleta. Gotemburgo conta com 460 km de ciclovias.
Apesar de fazer parte da União Europeia – turistas brasileiros não precisam de visto –, o país não adotou o euro. A moeda local é a coroa sueca. A melhor época para visitar a cidade é entre maio e setembro – durante a primavera e o verão europeus. A temperatura média no verão é de quase 19 graus. Veja abaixo as principais atrações da cidade divididas por temas: Museus, Arquipélago, Comida, “Fika”, Parques e Jardins e Passeios. Boa viagem!
Gotemburgo e seus museus
O principal é o Konstmuseum (Museu de Arte), que tem a principal coleção da virada do século 19 de arte nórdica, com três estrelas no Guia Michelin Verde. Estão lá obras de artistas escandinavos importantes como Edvard Munch, Carl Larsson, Anders Zorn, Ernst Josephson, P.S. Kroyer e Lena Cronqvist.
Para entrar em contato com a história dos vikings – e da cidade de Gotemburgo –, é recomendada uma visita ao Stadsmuseum, o Museu da Cidade, que tem em seu acervo o único barco viking exposto na Suécia, o Äskekärrsskeppet, encontrado por um fazendeiro quando drenava o rio Göta, e o único do mundo com inscrições rúnicas. Há ainda diversos objetos do período viking e painéis contando a história dos deuses nórdicos. As exposições permanentes cobrem 12.000 anos de história, desde a Idade da Pedra até o século 20.
Para quem curte design, moda e decoração, a opção é o Röhsska Museum, com uma incrível exposição permanente que conta a história do design, de 1851 aos dias atuais. O edifício, em estilo romântico nacionalista, foi projetado por Carl Westman e inaugurado em 1916 e tem em seu interior uma grande coleção de arte e artesanato chineses, do século 18 até a atualidade.
Outros museus interessantes são o Världskulturmuseet (Museu da Cultura Mundial), com diferentes exposições sobre temas globais, e o Sjöfartsmuseet (Museu da Navegação), com maquetes de barcos antigos, um aquário e o lindo hall com uma coleção de figuras de proa.
Arquipélago
Durante a primavera e o verão – a temporada vai de maio a setembro –, um dos principais destinos dos turistas é o arquipélago ao sul de Gotemburgo, com belíssimas ilhas e praias paradisíacas e de fácil acesso de barco, a partir do terminal de Satlholmen. O melhor é que o visitante pode usar para os barcos o mesmo bilhete que usa para os bondes/ônibus. Entre as mais de 30 ilhas, uma das mais conhecidas (e tema de canção) é Brännö, a apenas 20 minutos de distância da cidade. Com suas pitorescas casinhas coloridas de madeira e ovelhas pastando livremente, a ilha oferece trilhas em meio à natureza selvagem. Uma dica é caminhar até a ilha vizinha, Gälterö, desabitada e com pequenas praias entre as rochas. O mar é calmo, como uma piscina. Leve comida e passe o dia lá!
Já Styrsö é a maior ilha do arquipélago. Foi um importante balneário no século 19, e as marcas do passado estão lá: grandes casas de veraneio, parques e a plantação “Arbores skog”. Ao redor da igreja, fica a antiga vila, com construções em ruelas estreitas. Durante o verão há vários concertos na igreja. Na parte sul há praias de água rasa, campos de lavanda e orquídeas. Entre as pedras há lugares para piqueniques e pontos com lindas vistas. Para quem quiser se hospedar lá, há opções de hotéis, além de restaurantes e cafés.
A ilha mais distante do continente, Vrångö, tem as melhores praias e é uma reserva natural desde 1979. As brancas barracas de madeira, para guardar equipamentos náuticos, estão espalhadas por todo o porto. Tanto no norte, quanto no sul da ilha há trilhas que cortam a reserva natural. É uma oportunidade para conhecer a fauna e a flora locais. Há uma grande variedade de pássaros, cerca de 60 espécies que se reproduzem lá – como gaivotas, aves de rapina e corujas. Também dá para ver focas! A praia mais popular? Nötholmen, no sul.
Comida
Gotemburgo foi eleita em 2012 a Capital da Comida da Suécia. E não foi por menos. A cidade ostenta nada menos que cinco restaurantes com estrela no renomado Guia Michelin: 28 , Fond, Kock & Vin, Thörnströms Kök e Sjömagasinet. Além do mais, a localização geográfica, na costa oeste do país, garante acesso a peixes e frutos do mar da melhor qualidade. A região também produz diferentes tipos de “berry”, cogumelos e laticínios de alta qualidade. O sucesso da culinária local está na combinação de tradicionais pratos suecos com novos sabores e ideias de todo mundo.
Uma vez em Gotemburgo, não deixe de provar as delícias típicas: arenque marinado, almôndegas e o famoso “smörgås” (sanduíche) de camarão – no pão aberto, com maionese e endro. Os doces também são deliciosos: como os tradicionais “kanelbulle” (pão de canela) e “semla” (pão com creme de cardamomo recheado com pasta de amêndoas e chantilly).
Os mercados são visitas obrigatórias. O mercado do peixe, Feskekörka, oferece peixes e frutos do mar frescos e conta ainda com restaurantes para experimentar as delícias ali mesmo. Já o mercado Saluhallen tem de tudo: carnes, embutidos, doces, massas, queijos etc. Restaurantes também oferecem excelente comida a um bom preço e são concorridos na hora do almoço.
“Fika”
Em Gotemburgo sair para tomar café com os amigos é algo tão arraigado que existe até um verbo em sueco para a atividade: “fika”. Assim, os locais dizem “vamos ‘fika’ hoje?”, por exemplo. E Gotemburgo tem cafés charmosíssimos que tornam a tradição ainda mais agradável.
No histórico e charmoso bairro de Haga, há o Husaren, com decoração original do século 19 e uma enorme variedade de bolos e doces, incluindo o maior pão de canela da cidade, e um forte espresso, no melhor estilo italiano. Já no centro da cidade, fica o Språkcaféet, com estantes cheias de livros em várias línguas, um staff internacional e simpaticíssimo e mesas para praticar diferentes idiomas.
Na mesma região, o Bar Centro serve o melhor cappuccino da cidade. Outra boa opção é o Santo Domingo, que só trabalha com produtos orgânicos e que divide o espaço com uma loja de discos, a Dirty Records. Há até pocket shows às sextas-feiras.
Parques e jardins
Quer conhecer os animais típicos da Suécia? O parque Slottsskogen tem em sua estrutura um jardim zoológico com alces, cavalos, focas e pinguins, entre outros. O local é uma grande área de recreação, com um bosque, lagos (que ficam congelados no inverno), grandes árvores antigas e um concorrido playground. É um lugar perfeito para fazer piquenique e praticar esportes, além de curtir o sol nos meses de primavera e verão. Também é um dos preferidos pelos moradores para fazer jogging e caminhadas, atividades que os suecos não dispensam nem no inverno, quando as temperaturas são negativas.
É natural que no país de Carl von Linnée, um dos maiores naturalistas e botânicos do mundo, esteja um dos principais jardins botânicos da Europa. Inaugurado em 1923, em comemoração ao 300° aniversário da cidade, o Jardim Botânico de Gotemburgo tem 175 hectares de área total e cerca de 30 km de trilhas, com 16 mil diferentes espécies de plantas do mundo inteiro. Vale a pena visitar o Arboretum, com árvores e arbustos de todo o mundo, o Jardim dos Rochedos, com 5 mil plantas, o Vale Japonês e as estufas, com 4 mil plantas variadas, incluindo 1.500 orquídeas e a Toromiro, uma árvore rara da Ilha da Páscoa.
Já imaginou passear por um jardim com 2.500 rosas? Isso é possível na Sociedade Horticultural de Gotemburgo (Trädgårdsföreningen), um jardim ornamental criado em 1842 e cujas instalações foram restauradas em 2008, com adições contemporâneas. As rosas desabrocham na primavera. A magnífica Palm Huset (Casa das Palmeiras) foi inspirada no histórico Crystal Palace de Londres. Lá é possível encontrar uma enorme variedade de plantas tropicais, em um ambiente climatizado, inclusive várias do Brasil. A seção dedicada às camélias mostra uma enorme variedade dessas flores, com seu colorido e diferentes formatos. Há um café e restaurante dentro do parque, para uma estratégica pausa.
Passeios
• Um passeio mais que obrigatório é pela Kungsportavenyn, chamada pelos locais apenas de Avenyn, a artéria principal da cidade – um grande boulevard com restaurantes, cafés, clubes e lojas. Foi criada nos anos de 1860, como parte do plano de expansão da cidade, resultado de um concurso internacional. A casa mais representativa desse período, a Landshövdingehusen, foi construída no final do século 19. Possui três pisos, dos quais o primeiro andar é em pedra e os restantes, em madeira. No início da avenida, fica o Stora Teatern (Grande Teatro), o mais antigo da cidade, fundado em 1859 em estilo neorrenascentista. Apresenta peças de teatro, shows e concertos nacionais e internacionais. No final dos 2 km da Avenyn localiza-se a praça Götaplatsen, em estilo neoclássico, construída no início dos anos 1920, quando a cidade comemorou 300 anos. Nela encontram-se várias instituições culturais, como o Konstmuseum e a sala de concertos Konserthuset.
• A atração turística mais popular da cidade é o parque de diversões Liseberg, o maior da Escandinávia, que atrai três milhões de visitantes cada ano. Tem 35 atrações, teatro, pista de dança, restaurantes e salas de jogos. Entre os brinquedos estão a montanha-russa Lisebergsbanan, o Flumeride (escorregador aquático de canoas), o Kållerado (rafting em botes circulares), o Balder (montanha-russa em madeira) e o Kanonen (montanha-russa com looping). Abre de abril a outubro e em novembro e dezembro, com a magia do grande mercado natalino. O parque é então decorado por quase cinco milhões de luzes de Natal.
• O histórico bairro de Haga, do século 19, é o mais charmoso de Gotemburgo, com suas típicas casas de três andares – o térreo de pedra e os dois superiores de madeira – e ruas de paralelepípedo. O bairro tem vários cafés e lojas de artesanato e de antiguidades, entre outras.
• Um passeio pelos canais no famoso barco Paddan oferece uma perspectiva diferente da cidade. O tour, com guias divertidos, passa por baixo de 20 pontes pelos canais construídos no século 17 e chega ao rio Göta, onde fica o porto antigo. Para passar por uma das pontes, conhecida como “cortador de queijo”, os passageiros têm que sentar no chão do barco e abaixar as cabeças. No caminho é possível ver edifícios antigos e grandes marcos da cidade, como a Casa de Ópera, o antigo estaleiro e o ancorado “navio viking”, com um bar e um restaurante.
• Outra opção de passeio marítimo é o barco Älvsnabben, que cruza a área do porto do bairro central Lilla Bommen, onde está a Casa de Ópera, até a reserva cultural Klippan. Do deck superior dá para se ter uma linda vista da cidade: o bairro Eriksberg, com seus novos edifícios, e o bairro de Lindholmen/Lundbystrand, com seus prédios modernos e inovadores que abrigam instituições de ensino e escritórios. Pode ser usado o cartão normal de transporte.
• Essa é uma grande surpresa para os paraenses: encontrar um pedaço da floresta amazônica na Suécia. É isso mesmo. Dentro do centro de ciência Universeum, há uma reprodução do ecossistema, com plantas típicas da nossa região, além de guarás, micos e arraias de água doce. Mas lá também podemos conferir a fauna e flora locais. O Water’s Way é um modelo vivo das paisagens suecas de norte a sul – uma rota que passa pelas montanhas, através de florestas, lagos e pedras calcárias e pelos mares Báltico e do Norte. Nos tanques é possível ver peixes típicos da região. Uma réplica de uma casa de castor e pequenos animais também compõem o espaço. Na Ocean’s Zone, grandes aquários contam com tubarões, arraias gigantes, moreias e o incrível peixe-serra. Há ainda uma seção com cobras venenosas, além de um espaço todo dedicado a atividades espaciais com modelos de naves.