Laurentino Gomes: mais de 1,2 milhão de livros vendidos no país |
O jornalista é um contador de histórias, mas até onde ele pode meter o nariz quando os fatos que vai narrar pertencem à História de um povo? Essa pergunta permeou a conversa que escritor Laurentino Gomes teve com o público da Feira Pan-Amazônica do Livro, encerrada no último domingo. O bate-papo levantou polêmicas e provocou reflexões sobre o futuro do Brasil e sua atual conjuntura.
Autor dos livros “1808” e 1822” – que falam sobre a vinda da família real portuguesa ao Brasil –, Laurentino Gomes é criticado ou aclamado, dependendo do público. Após uma carreira de 30 anos como jornalista, ele decidiu enveredar pela literatura, a não a ficcional. “A história não pertence à academia. Sempre tive isso comigo. No começo, porém, enfrentei muita resistência, especialmente dos acadêmicos”, contou.
Para o escritor, o Brasil vive um momento particular e propício à abordagem de temas históricos que antes eram tidos como maçantes. “São 26 anos de democracia sem ruptura. A sociedade começou a se preocupar mais com sua história e está interessada em conhecer os fatos que nos fizeram chegar até aqui. É uma feliz coincidência que a história tenha se tornado um assunto popular no país”, continuou.
Conhecedor de Belém, onde morou por dois anos, Laurentino, que é paranaense, diz que sua contribuição é apenas na linguagem. A História, reforça, já foi contada. “Eu apenas torno um pouco mais acessíveis ao grande público fatos que a academia às vezes trata com excesso de formalidade. Não faço interpretações e não me preocupo em ser teórico. Uso a liberdade que só o jornalista tem de provocar”, disse.
Os livros “1808” e “1822” são best sellers absolutos no país. Já alcançaram, juntos, a marca de 1,2 milhão de exemplares vendidos, desde que saíram, em 2006. Com o primeiro, Laurentino levou o prêmio de melhor livro de ensaio da Academia Brasileira de Letras (ABL) e o Jabuti de literatura na categoria de livro-reportagem e de livro do ano de não-ficção.