Mais comum nos países da Europa, o personal chef tem a missão de se adaptar aos gostos e preferências do cliente, além de ter que levar sua arte para outros ambientes – até mesmo para o lar-doce-lar de alguém. É parte de seu trabalho dar uma atenção mais que exclusiva ao cardápio e a todos os detalhes, da apresentação à sobremesa. Em Belém, alguns profissionais da área gastronômica estão investindo nesse mercado há algum tempo, e esclarecem como funciona essa tendência que vem crescendo cada vez mais.
Felipe Gemaque conta que se aventurava pela cozinha, movido pela curiosidade, desde os quinze anos - momento em que começou a conhecer os mistérios da culinária entre as panelas do restaurante Famiglia Sicília. Formou-se em cozinheiro chef internacional em 2006 – quando começou a atuar de forma profissional - e em 2008 tornou-se bacharel em gastronomia.
Ele é um dos chefs paraenses que oferecem a opção de personal, coisa pela qual ele admite ter verdadeira paixão. Gemaque explica que é um trabalho essencialmente de foco e criatividade, acima de tudo. “O personal chef vai cozinhar para um grupo de pessoas específicas, e isso é o que personaliza o serviço. Pode ser para duas pessoas, o que é muito comum, ou para mais de duzentas. Mesmo que o público seja numeroso, sempre será especial e adaptado para o gosto do anfitrião”.
A conversa é um ponto chave para ter sucesso, segundo Felipe - já que é dela que o chef vai conseguir extrair tudo o que o cliente espera e deseja da experiência gastrônomica. Esse diálogo vai acontecer na hora do orçamento, que “é um trabalho de, realmente, tentar entender o que a pessoa quer para o evento, o que ela espera”.
Tem demanda para essa atenção especial? Felipe afirma que sim. Os pedidos vêm se multiplicando cada vez mais, e ele acredita que isso se deve também ao fato de as pessoas estarem descobrindo que ter um serviço como esse não está tão longe da “realidade”. “Eu tento desmitificar que isso precise custar muito caro. Eu sou personal até neste ponto, porque procuro me adequar ao orçamento que o cliente tenha - é claro, na medida do possível”, esclarece.
Segundo Felipe, muitas pessoas desejam que tudo fique a seu gosto, mas inúmeras vezes não sabem como atingir esse objetivo. Aí entra o personal, também para investigar e ajudar a encontrar as melhores opções para que tudo fique com a cara do cliente. “Nós - eu trabalho com a minha irmã, que entrevista as pessoas – procuramos atingir as expectativas em todos os aspectos, até mesmo as que o próprio cliente não sabia que existia”.
Essa relação de proximidade é imprescindível, e a chef Ilca Carmo também aposta nela para descobrir os gostos pessoais de quem a contrata. No primeiro momento é definida a ocasião, o número de convidados e o que a pessoa quer - o que inclui determinar preferências, e ainda o que possa causar alergia. A partir dai, entra o talento e a capacidade inventiva do chef. “Converso com a pessoa e busco pistas de como montar um cardápio exclusivo para ela. Reservo um tempo para refletir e criar os pratos, e envio as opções, e partindo disso ela vai dizer do que gostou e do que não gostou. Tudo tem que estar de acordo com o desejo da pessoa ou com o tema que ela propõe”, explica.
Claro que, como todo artista, o chef de cozinha também adora uma liberdade criativa para poder proporcionar uma experiência única e inesquecível. Com Ilca não é diferente: ela adora poder inovar e garante que, para isso, “quanto mais liberdade, melhor. Abre um leque de possibilidades de causar outras sensações”.
A chef, que tem como seu lar a cozinha do restaurante Santa Chicória, diz que começou a enveredar pelos caminhos de personal sem perceber, dando uma mãozinha em eventos familiares informalmente. Foi quando ela viu que poderia oferecer essa assessoria para muito mais pessoas que gostam do seu tempero. “Começou há algum tempo, fazendo para família e amigos... Eu gostava daquilo e decidi investir”, lembra.
Embora pareça fácil, essa atividade é recheada de desafios. Ilca revela que seus clientes mais assíduos são os mais difíceis. Por quê? “Porque eu tenho um restaurante e eu não posso fazer a mesma coisa que eu faço nele. Tenho que criar sempre algo diferente”. E não é só aí que residem os enigmas a serem revolvidos por esses profissionais. Para Ilca, os eventos temáticos são os mais trabalhosos. “Os jantares temáticos são sempre desafiadores, porque eu tenho que estudar a cultura, a culinária nativa e tudo o mais. O personal tem que saber cada detalhe porque, eventualmente, ele vai ter que apresentar o prato para os convidados”.
Além dos momentos de muita dedicação e trabalho, Ilca destaca que ver no rosto das pessoas que a satisfação foi garantida é o que há de mais recompensador para todos: para o cliente, que gostou do serviço, e para o chef, que aprendeu muito mais. “Eu adoro o que eu faço, é amor. Levar o meu amor e trabalho para casa das pessoas é o que eu faço de melhor. É uma oportunidade para estudar outros assuntos, eu aprendo mais ainda”.
Se você quiser saber o gostinho que tem ser chef, é só experimentar uma receitinha super fácil que a chef Ilca compartilhou com a gente. Anota aí!
Bruschetta de queijo
(Porção para quatro pessoas)
Ingredientes
8 fatias de pão – preferencialmente pão italiano
4 tomates bem maduros cortados em cubos
150g de muçarela ou qualquer outro queijo cortado em cubos
½ dente de alho bem picado
1 colher de folhas de manjericão picadas
Azeite
Sal
Pimenta a gosto
Modo de fazer
Pincelar o azeite em cada fatia de pão e grelhá-las em uma frigideira bem quente. Em um recipiente, misture o tomate, o queijo, o manjericão, o alho, azeite, sal e pimenta.
Montagem
Coloque o recheio em cima das fatias de pão. Leve ao forno até gratinar. Sirva em seguida.