Reinventando o trabalho

Eles fazem seus horários e ditam as próprias regras - e garantem: trabalhar em casa otimiza o tempo de trabalho.

30/04/2014 18:23 / Por: Bruna Valle/ Fotos:Thinkstock/ Internet/ Shutterstock
Reinventando o trabalho

Quem nunca sonhou em evitar engarrafamentos na “hora do rush”, ou ainda em fazer as próprias regras no seu ambiente de trabalho? Eles saíram do campo imaginário e colocaram em prática seus home office – escritórios em casa. Pouco popular ainda no Brasil, mas muito popular em empresas internacionais, este estilo de trabalho já conta com seus adeptos em Belém.

Seja para ter uma renda extra ou para fugir das intempéries que o trabalhador normal enfrenta no dia a dia, esses novos empreendedores individuais é quem decidem que horas começa e termina a jornada, suas reuniões e intervalos. O site da Revista Leal Moreira encontrou esses “pioneiros” na cidade das mangueiras. Eles contaram tudo pra gente - e garantiram que existem muitos mais pontos positivos do que negativos.

Analu Saraiva é fotógrafa e já trabalha há 3 anos em casa - lugar que foi sua primeira opção, para economizar e poder ter dedicação integral a seus próprios compromissos profissionais. “A partir do momento que iniciei minha carreira na fotografia, senti a necessidade de um espaço para desenvolver minhas edições. No primeiro momento, a ideia era alugar um local. Porém, com a necessidade de reduzir custos, optei por trabalhar em casa, onde separei um espaço exclusivamente para meus trabalhos”.

As vantagens de poder executar as tarefas da própria residência são inúmeras - entre elas, a economia de tempo e dinheiro, o horário flexível e um ambiente tranquilo para concentração garantida. “Além da redução de custos, posso evitar possíveis transtornos que encontraria para sair de casa, como enfrentar o trânsito, a chuva e a falta de segurança. E ainda procuro reverter os custos que teria trabalhando fora em aperfeiçoamento do meu trabalho, com cursos e atualização de equipamento”, explica Analu.

Já as desvantagens ficam por conta da disciplina de saber organizar os horários e compromissos. Não é só Analu que enxerga essa dificuldade - o quadrinista e ilustrador Otoniel Oliveira conta que esse é um de seus maiores vilões profissionais. “A principal desvantagem é que, antes de nos disciplinarmos, há muita possibilidade de não se cumprir os horários comerciais - trocar o dia pela noite trabalhando, trabalhar em feriados e finais de semana, se dispersar no estúdio em assuntos que são da casa e vice-versa”, explica.

Otoniel destaca ainda que já trabalhou do modo convencional, mas com o crescimento do serviço e a dedicação a vários projetos ao mesmo tempo, a sua rotina de trabalho desregulou um pouco. “Ser quadrinista e ilustrador profissional independente me fez sair do trabalho em horário comercial em uma só agência e prestar serviço terceirizado para diversas. Mas meu horário varia entre quatro e doze horas. Têm dias que não faço nada, mas têm feriados e finais de semana que passo trabalhando, o que desperta protestos da minha namorada”, brinca.

Se isso é uma novidade para um profissional como ele? A resposta é não. Otoniel revela que este modelo já é utilizado “em diversas partes do mundo há décadas por quadrinistas e animadores, que constroem seus estúdios em casa”. Um quadro que se repete, também, para quem quer investir em uma jornada dupla - como a web designer Paola Wilm. Ela trabalha do modo convencional e ainda completa a renda com seu home office.

Para Paola, é uma maravilha poder ser dona de seu tempo e ter um ambiente calmo. Em contrapartida, ela reclama da falta de convívio com outros profissionais da sua área. “É ótimo poder se concentrar melhor, pois é um ambiente mais silencioso, sem telefonemas. O ponto negativo é a diminuição do convívio com a equipe, da troca de conhecimentos. Quando estamos na empresa, podemos tirar dúvidas com as pessoas ao redor. Em casa, eu praticamente preciso me virar sozinha”.

A web designer tenta se organizar como lhe é mais cômodo, colocando em primeiro lugar seus prazos e dedicando-se a poucas demandas por vez. “Me organizo da melhor maneira possível. Primeiramente faço poucos serviços ao mesmo tempo - uns dois ou três de preferência. Vejo quanto tempo cada um necessita e o prazo de cada, faço uma tabela dos atuais e dos próximos”.

Parece que a palavra de ordem de quem adota este estilo é "organização". Quem tem este item como um de seus pilares no trabalho pode se dar bem na carreira e na rotina. Os que já adotaram deixam um conselho valioso para quem sonha em transformar este modelo em realidade: “é preciso ter um ritmo de trabalho bem determinado, e foco - pois as tentações que podem lhe tirar a atenção são muitas”.

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