Quando o apito final foi ouvido naquele domingo, 15 de junho, o coração do brasileiro Tiago Splitter foi a mil, talvez 100 mil. Foi a um milhão. Naquele momento, Splitter, jogador do San Antonio Spurs, se tornava o primeiro brasileiro a sagrar-se campeão da NBA, a Liga Nacional de Basquete dos Estados Unidos, não só a maior do mundo, como também a mais competitiva, a mais disputada e mais cobiçada. Uma vitória sobre o Miami Heat garantiu a conquista histórica. Naquele momento, envolto em uma emoção única, Tiago se enrolou na bandeira do Brasil e partiu para a comemoração com os companheiros.
Tiago Splitter, que foi campeão na maior liga de basquete do mundo, jogando em “casa” pelo Spurs, é cria da quadra do Ipiranga e do Galegão, em Blumenau [Santa Catarina]. “No ano passado, tínhamos perdido, porém vencer este ano, dessa forma, dominando os play offs foi bom demais”, disse o atleta, emocionado, durante as partidas das finais. “Fiquei muito feliz por representar os “basqueteiros” do Brasil na NBA. Às vezes, não encontro palavras pra descrever o que eu sinto”, afirmou.
Perguntado pela Revista Leal Moreira sobre a pressão em ser o único representante brasileiro, Tiago comenta que “existe todo tipo de pressão nesse momento”. “Pressão da imprensa, pressão dos técnicos, da torcida e a pressão que você mesmo coloca. Mas é normal, todos os atletas sentem, a gente convive com isso”.
A conquista do nosso pivô foi obtida depois de muita emoção e muita disputa. O San Antonio Spurs disputou uma melhor de sete partidas com o Miami Heat e venceu quatro contra uma do Miami, revanche do resultado obtido em 2013, quando o adversário tinha ficado com a taça. O gigante Tiago [2,11m] recebeu o anel de vencedor vestindo a camisa 22 do Spurs. Com o AT&T Center lotado, o time do brasileiro foi muito superior, arrancando elogio até dos rivais. “Foi o melhor time que vi jogar. O melhor time que enfrentei”, disse Chris Bosh, astro do Miami Heat, após o confronto.
Se para os fãs do San Antonio Spurs o título foi mais um para a coleção – esse foi o quinto já conquistado pela equipe na NBA –, para Tiago foi uma grande conquista pessoal, de uma carreira brilhante e de extrema dedicação. Há 15 anos, Splitter deixou o Brasil para jogar na Espanha, liga de basquete considerada como uma das mais fortes fora dos EUA. Ficou nove anos entre os espanhóis, foi ídolo, ganhou títulos e atraiu os olhares dos observadores da NBA. Em 2010, começou a jogar na liga americana. Agora, depois de mais de 300 jogos, Tiago prova que é um vencedor e entra para a história do esporte brasileiro.
Titular de uma história que todo garoto jogador de basquete gostaria de viver, Tiago coloca na balança os prós e contras de jogar na NBA. “Com certeza, são mais benefícios do que desvantagens. Temos uma estrutura muito boa, na melhor liga do mundo. As desvantagens ficam por conta de estar longe da família, as muitas horas de avião e a solidão. Mas sou muito agradecido pela profissão que tenho”, explica o jogador.
Depois da conquista, aproveitando um pequeno intervalo para a visita à família que mora em Blumenau, Tiago Splitter veio ao Brasil, em junho, para dar seu exemplo a uma nova geração que o admira. Entre os compromissos profissionais e pessoais, conseguimos uma conversa com ele.
Tiago nasceu em Joinville, mas cresceu e foi criado em Blumenau, onde mantém um projeto cuja proposta é levar o basquete para as crianças. O Blumenau Basketball Team (BBTeam) é uma evolução dos projetos que eram mantidos pela Associação de Pais e Amigos do Basquete de Blumenau (APAB), trabalho realizado há mais de 10 anos.
A fórmula é unir a experiência esportiva dos atletas que já rodaram o mundo e a gestão empresarial bem sucedida para organizar, estruturar e profissionalizar o basquete na região. “O objetivo do projeto é trazer lazer e esporte para a comunidade do Vale do Itajaí e expandir o basquete o máximo possível”, explica o irmão de Tiago, Marcelo Splitter, responsável pelo projeto.
Atualmente, o BBTeam/APAB atende aproximadamente 150 crianças e adolescentes e, até meados de 2015, o objetivo é triplicar este número, principalmente por meio de pólos espalhados nos colégios e principais clubes da cidade. “Os atletas que forem se destacando, já estarão treinando no ginásio Galegão, que é a casa do basquete de Blumenau. No Galegão treinam as equipes de competição”, afirma Marcelo. A expectativa é que o projeto se torne uma referência na formação de atletas no sul do Brasil e, em quatro anos, seus atletas participem da Liga Nacional de Basquete (NBB).
“O projeto está no começo. Eu acompanho de longe e, nas minhas férias, aproveito para conferir como vão as coisas. Estamos buscando parcerias para melhorar e fazer um projeto maior ainda”, diz Tiago.
Longe temporariamente das quadras, durante esse período em que esteve no Brasil, os planos de Tiago Splitter não incluem cestas, nem rebotes, nem assistências. O objetivo é descansar, celebrar e se preparar para o Campeonato Mundial de Basquete Masculino, em agosto, na Espanha.
Campeonato Mundial de Basquete
Os amantes do basquete têm um encontro marcado, de 30 de agosto a 14 de setembro, período do Campeonato Mundial de Basquete 2014. O evento, que terá a Espanha como anfitriã, chega à sua 17ª edição. A seleção brasileira de basquete masculino [bi-campeã mundial em 1959 e 1963], que tem em Tiago Splitter um de seus principais expoentes, inicia a sua jornada no mundial no dia 30 de agosto, contra a França [pelo Grupo A da competição].
Grupo A
Ficará sediado na cidade de Granada: Brasil, França, Irã, Egito, Sérvia e a anfitriã Espanha.
Grupo B
Ficará na cidade de Sevilha e é composto por Argentina, Croácia, Grécia, Filipinas, Porto Rico e Senegal.
Grupo C
Ficará em Bilbao, onde jogarão ainda Ucrânia, Turquia, Finlândia, Nova Zelândia, República Dominicana e o atual campeão olímpico e mundial, Estados Unidos.
Já o Grupo D
Ficará sediado em Gran Canária e é composto pelas seleções de Angola, Austrália, Eslovênia, México, Lituânia e Coréia do Sul.
A fase classificatória será disputada entre os dias 30 de agosto e 4 de setembro. A fase decisiva será de 6 a 14 de setembro.
Revisão de conteúdo esportivo: Marcelo Mello