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No dia 10 de janeiro de 1909, mais uma criança dava seu primeiro grito de existência na pequena vila de Ponta de Pedras, na Ilha de Marajó. O acontecimento não seria lembrado hoje, 103 anos depois, se este pequeno marajoara não tivesse se tornado um dos maiores nomes da literatura brasileira. O notável escritor Dalcídio Jurandir deixou sua marca na história, com uma biografia que conta com 17 publicações, sendo a maioria em homenagem a sua terra natal.
Um homem de múltiplas facetas. Romancista, jornalista e professor, Dalcídio apostou em diversos segmentos, mas sempre relacionado ao universo da escrita e do conhecimento. Aos 13 anos, muda-se com a família para Belém, onde mora até 1928, quando vai para o Rio de Janeiro. Conhecido pela personalidade forte, logo abandona o estudo formal e trabalha como garçom e revisor na revista Fon-Fon – sua primeira experiência no universo jornalístico. Depois, volta a Belém e assume cargos públicos, além de colaborar com a imprensa local.
A ligação com ideologias políticas também marcaram sua vida. Comunista declarado, participante ativo da Aliança Libertadora Nacional - ALN, na década de 1930, enfrenta perseguições, chegando a ser preso duas vezes. Em 1938, de volta à vila natal, na Ilha de Marajó, atua como inspetor escolar. O retorno o induz a escrever sobre a realidade que o cerca. Dois anos depois, publica seu primeiro romance, Chove nos Campos de Cachoeira, iniciando uma série de relatos ficcionais que fica conhecida como Extremo Norte. Dentre da série encontram-se suas maiores obras, como “Marajó”, de 1947, e “Ponte do Galo”, de 1971.
Nos anos 1940, volta a viver no Rio de Janeiro e trabalha como redator do Serviço Especial de Saúde Pública, do governo federal. Atua também como jornalista, escrevendo no jornal O Radical e na revista Diretrizes. Em 1952, viaja para a União Soviética e, apresentado e promovido pelo romancista Jorge Amado, com quem cria laços de amizade eternizados por cartas, tem uma de suas obras traduzidas para o russo. Depois de viagem ao Rio Grande do Sul, pretende iniciar uma outra série de ficção, Extremo Sul, e escreve um primeiro romance, Linha do Parque, mas não dá continuidade a esse ciclo.
Embora citado entre autores de tendência regionalista, Dalcídio vai além do bairrismo e se destaca pela complexa construção interior de seus personagens, individualizando a trama e valorizando as transformações pessoais em seus romances. Anuncia sua aposentadoria como escritor em 1971. Em 2003, na Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, é criado o Instituto Dalcídio Jurandir, que recebe dos filhos do romancista todo o seu acervo particular, com mais de 750 livros de sua biblioteca, além de suas correspondências com Jorge Amado, Graciliano Ramos e com o pintor Cândido Portinari e os originais de diversos romances seus.
Para conhecer mais o autor: https://www.dalcidiojurandir.com.br/
(fonte: Enciclopédia Literatura Brasileira – www.itaucultural.org.br)