A caminho da esperança

Colunista aborda sobre ter esperança

17/12/2022 09:00 / Por: Emmanuel Matos / Foto: Divulgação
A caminho da esperança

Já não era sem tempo que a hora não fizesse sentido. Nem a noite, nem o dia e nem mesmo a aurora com sua cantoria de cores.
Qualquer expectativa tornara-se inútil e nada mais justificava tanta ansiedade.
Olhar as constelações poderia ser uma saída, mas, desde que não tivesse objetivo algum. Mais ou menos como contar estrelas pra coisa nenhuma. - Isto, porém, lhe era dilacerante. Cruel.
Não há mais sentido em nada? O silêncio a esta pergunta levou-o a pensar ter enlouquecido. Mais grave. Perguntou-se: ou sou eu quem inventava os sentidos pras coisas. - A loucura lhe parecia definitiva.
Num canto da sala os ponteiros do relógio haviam parado. - Relógio velho, pensou. Ou foi o tempo que parou? Ou foi o mundo que acabou? Será?
Lembrou da lição sobre objetividade científica e duvidou que existisse algum mundo antes de tudo o que agora via e se perguntou se o agora era tudo como sempre e o que via antes como realidade era uma grande mentira (?). Era isto, então, o mundo? Uma grande invenção? Nada era diferente? Tudo está como antes?
Havia uma pergunta de fundo que ele se negava a encarar: para onde vamos agora? Mas ele não via sentido algum nesta indagação e repetiu-se: qualquer expectativa é inútil. Mas, assim, temeu morrer de tédio e de desesperança. Sim, como viver sem esperança? Lembrou da aula de catecismo quando aprendeu ser a Esperança uma Virtude Teologal. Ah! Então é isso: a esperança é um estado de alma que não precisa de expectativas.
Depois, com calma, disse-se: se não for verdade é uma boa sacação.
Ah! Acabara de inventar um mundo pra sí. A esperança nasce de viver o agora. Somos uns tolos, concluiu.

Escapulário

Stabat Mater.
Minha esperança
Não é nisto ou naquilo.
Virtude Teologal,
É, somente esperança.
E cada coisa
Tem o seu mistério
Cada mistério sua luz
Cada coisa a sua cruz.
E eu esperança tiro da fé
Tiro da caridade,
Esperança, da esperança.
Stabat Mater.
A Esperança me conduz.

Mais matérias Emanuel Matos

publicidade