O que dizer a um poder que não escuta os seus comandados? O que dizer a um poder que se fechou em copas, que não escuta o povo e põe e dispõe, sobre ele, à revelia das leis?
O que dizer de um poder que decide de acordo com as adaptações das leis aos seus interesses?
Creio que qualquer coisa seria inútil, uma vez que, seus representantes estão de costas para aqueles que deveriam atender em suas necessidades, com base nos direitos que se pensava, constituídos e garantidos por lei. Talvez a coisa mais simples e angelical que ainda se poderia dizer é que já estamos numa Ditadura. Mas, isto, obviamente seria razão de riso e, quiçá, de uma punição que, embora confirmasse a opinião emitida pelo "culpado", levaria tudo a fuçar na mesma, com um monte de gente fazendo vista grossa e, até, ensaiando defesa dos poderosos. Seria como verificar que não estamos numa ditadura, num regime de exceção, embora estejamos, porque parte da população está adorando a situação e concordando que assim deve ser e que a liberdade é que se dane, afinal, o poder pode e deve agir deste modo.
Agora imagina a seriedade da coisa se os três poderes constituídos em uma nação estejam em completa sintonia no papel de rasgar as leis e exercer o poder de forma arbitrária!! Imagina, ainda, que uma grande parte da população que um dia defendeu a liberdade contra o arbítrio, hoje esteja ao seu favor por razões ideológicas ou em defesa dos seus próprios interesses.
A estes seria muito mais inútil dizer qualquer coisa porque, além de se pensarem estar cheios de razão, sentem-se "iluminados" e destes, como se sabe, o arbítrio é próprio. Eu, obviamente, não quero mandar recado pra ninguém, mas, a todos, sugiro pensar e reagir um pouco sobre esta medida de controle da Internet e da imprensa, afinal. As leis sobre crimes comuns por opinião, difamação, são fartas.
Digo isto por uma razão que jamais vai sensibilizar os autoritários e nem aos seus seguidores. Isto é. Todo regime de exceção começa com a mordaça que justifica a prisão, que autoriza a porrada, o sumiço em qualquer rabo de foguete, num acidente de avião, numa facada nunca punida e outros babados mais.
Concluo falando da minha paixão que também não vai sensibilizar os autoritários e nem os seus seguidores, mas, que é minha e pra mim continua sendo no confronto e contra todo tipo de arbítrio, não importam as cores.
E se possível, sonhar uma sociedade aberta: "Me permiti a volatilidade das passagens só de ida, o destino não importa tanto como a liberdade de querer partir sem compromisso de voltar ser sem compromisso de ficar. Não o prazer, não a glória, não o poder: a liberdade, unicamente a liberdade." (Fernando Pessoa)
NÃO HÁ VIDA SEM A LIBERDADE Nasci para ser contra As sociedade fechadas. Apaixonou-me a liberdade Com a farra da opinião. Não me importa, A égide das mordaças. Elas são o início Dos calabouços e mortes. Amantes do terror, As mordaças fedem. Prenúncio de podridão Se enchem de falsas razões. No começo te cortam As palavras e as ideias. Depois te cortam a garganta E te empurram um cala-boca. Mais tarde te abrem as tripas E te penduram como animal. Quase ao fim te levam A máquina de pensar e a vida. As mordaças servem Aos medíocres e assassinos. A liberdade, ainda que um sonho, Rompe portões e novas primaveras. (Emanuel Matos)