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Um símbolo. É o que representam Morten Harket (vocalista), Paul Waaktaar-Savoy (guitarrista) e Magne Furuholmen (tecladista) para toda uma geração, composta principalmente na década de 1980.
No ano em que completam 30 anos de uma carreira sólida e bem-sucedida, a banda norueguesa A-ha voltou aos palcos após cinco anos de hiato e escolheu o Brasil como um dos primeiros países a receber a turnê do novo álbum “Cast in Steel”, lançado em setembro deste ano e com apresentação memorável na última edição do Rock in Rio.
Os fãs da música synthpop tocadas pelo trio puderam relembrar canções clássicas como “Take on Me”, “Hunting, High and Low”, “Stay on These Roads”, “Crying in the Rain” e conhecer outras novas como “Forest Fire” e “Under the Makeup”.
Além do Rio de Janeiro (RJ), os shows da banda também foram agendados para as capitais Brasília (DF), Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e Curitiba (PR).
No entanto, nos dias 1º e 3 de outubro, o Pará entrou “sem querer” no circuito quando o A-Ha foi convidado para se apresentar como atração de uma empresa, também norueguesa, onde originalmente se apresentaria apenas para os funcionários.
Quando a notícia da vinda do A-Ha em solo paraense se espalhou, os fãs se exaltaram e fizeram campanha para que os shows nos municípios de Barcarena e Paragominas fossem abertos ao público. E o desejo foi atendido.
“É a nossa primeira vez aqui no Pará e estamos muito empolgados. Sabemos que a faixa etária dos nossos fãs é bastante larga, e viemos com a intenção de fazer o que sabemos fazer melhor: cantar e empolgar o público”, disse Morten, durante coletiva de imprensa, em Belém.
Devido ao caráter não-comercial, o passaporte para os shows foi a doação de kits de material escolar, posteriormente encaminhados para escolas e instituições de caridade daqueles municípios.
Não demorou e vários grupos se organizaram em comitivas. Em poucos dias faltaram itens escolares nas principais lojas e distribuidoras da capital paraense e nas cidades dos shows. Isso sem contar as filas para recolher os ingressos e os hotéis lotados, o que fez muitos fãs levarem barracas.
Para Magne, “é incrível quando as pessoas vêm de muito longe para prestigiar o seu trabalho”, disse durante a coletiva. “Por isso não menosprezamos esse esforço e damos o nosso melhor. Inclusive, soubemos de noruegueses que vivem aqui no Brasil e também estão fazendo esse esforço. É realmente emocionante.”
E a banda não decepcionou: Morten, Paul e Magne tocaram para um público de 14 mil pessoas em Barcarena e outras 18 mil em Paragominas, cujas apresentações entraram para a história não apenas dos municípios, mas do Estado.
A banda praticamente repetiu a apresentação do Rock in Rio, mas sem a pressa de um grande festival. Ambos os shows duraram aproximadamente 1 hora e 40 minutos, com direito a suspense na segunda metade do concerto e “Take on Me” no encerramento, para o delírio dos fãs.
Cidadania e conscientização ambiental
“Acredito que o mundo está começando a compreender a importância da Amazônia, a complexidade do seu ecossistema e que todos precisamos dela”, disse Magne. “O grande desafio é encontrar maneiras e garantir que toda essa riqueza não se restrinja apenas a uma região, mas beneficie o mundo inteiro.”
Além dos concertos, os integrantes da banda norueguesa também participaram de projetos com caráter socioambiental.
O tecladista Magne Furuholmen, que além de músico também é escultor e artista plástico, promoveu uma oficina para um grupo de crianças do projeto Educação pra Gente, em Barcarena, nos moldes do projeto que realiza no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Rio de Janeiro.
Em Paragominas, o vocalista Morten Harket participou de um plantio de mudas em uma área de reflorestamento, cuja meta é equilibrar 1 hectare de área verde a cada hectare de área minerada até 2017. Na ocasião, contou com a ajuda das crianças do projeto Caseca.
“Estamos aqui para prestar atenção no que está acontecendo na região. Além disso, acho importante envolver as criancas em projetos como esses porque elas são o nosso futuro”, comentou Magne, durante a coletiva.
Do começo até aqui
O nome A-Ha surgiu por acaso. Em 1982, o grupo já estava formado e havia deixado Oslo, na Noruega, para tentar a sorte em Londres, na Inglaterra. Foi nessa época que Magne leu o termo “a-ha!” em uma das composições de Paul e a ideia veio forte.
Ainda sem saber que a expressão representava “surpresa” e estava presente em vários outros idiomas, o tecladista sugeriu o nome por ser curto, de fácil memorização e por se aproximar da sua língua nativa.
Curiosamente, o estrondoso sucesso “Take on Me” só aconteceu dois anos após o seu lançamento, quando ainda se chamava “Lesson One”.
Somente quando o produtor Alan Tarney repaginou a música foi que aquelas 300 mil cópias vendidas em um ano, em 1984, viraram 1,5 milhão de cópias vendidas em apenas um mês, em 1985.
Atualmente, estima-se que “Take on Me” tenha vendido 7 milhões de cópias em todo o mundo, mas naquela época a história da banda estava apenas começando.
Os videoclipes inovadores e ótimas canções renderam ao trio vários prêmios internacionais e a oportunidade de viajar pelo mundo, com direito à gravação da canção tema para o filme “The Living Daylights”, da franquia James Bond, em 1987.
Mas em 1994 os integrantes do grupo resolveram seguir seu próprio caminho: Morten gravou quatro álbuns solo, enquanto Paul gravou seis com a banda Savoy, formada com sua esposa, e Magne se firmou escultor e artista plástico, além de compor canções para filmes e para a televisão, tendo lançado apenas um único álbum solo.
Após apresentação no concerto do Prêmio Nobel da Paz, em 1998, o grupo anunciou seu retorno aos palcos e produziu até 2009, encerrando as atividades pela segunda vez em 2010, com a turnê “Ending on A High Note”, que passou pelo Brasil.
Apesar de Morten ter afirmado em várias entrevistas que a banda havia, enfim, acabado, Magne revelou este ano, ao jornal norueguês Dagbladet, que o vocalista e o guitarrista Paul estavam gravando algumas canções e o convidaram para participar. Foi uma espécie de chamado.
Recentemente, o A-Ha assinou contrato com a Universal Music e assumiu um compromisso de pelo menos dois anos. Mas se você é um fã da banda, com certeza está torcendo para que esta parceria nunca mais acabe.