Crítica: Swarm

Nova série do Prime Video questiona o amor de fã

28/03/2023 09:00 / Por: Laylton Corpes / Fotos: Divulgação
Crítica: Swarm

Você provavelmente já deve ter ouvido falar no nome de Donald Glover. O ator, roteirista e músico americano é protagonista da série Atlanta, e teceu sua crítica à sociedade americana com o clipe This is America”, sob a alcunha de Childish Gambino.


Glover, em parceria com Janine Nabers (Watchmen), estão agora por trás da série Swarm. A produção da Amazon Prime Video combina realidade e ficção para contar a história de Andrea “Dre” Greene (Dominique Fishback), uma fã psicótica que faz de tudo (inclusive assassinato) para defender sua ídola Ni’Jah (Nirina S. Brown).


O thriller psicológico é certeiro em apontar em cada início de episódio “Esta não é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, e acontecimentos é intencional”. O tom irônico e metalinguístico de Swarm está em criar paralelos com uma artista real: Beyoncé.


Ni’Jah, a Beyoncé do enredo da série, divide enormes semelhanças com a aclamada cantora. A visão de Glover e Nabers cria uma visão exacerbada em torno da diva pop, entretanto, é nítida a inspiração nos figurinos, canções, turnês e até mesmo no marido da texana, Jay-Z, que na série se torna Caché (Stephen Glover). 


Cena traz paródia da "On The Run Tour", turnê conjunta de Beyoncé e Jay-Z. (Prime Video/Divulgação)

Swarm (que em português, significa 'enxame'), traz uma protagonista levada à loucura por sua obsessão musical. Dominique Fishback é esplêndida em sua atuação, combinando ingenuidade e perversão para dar vida a uma serial killer que não mede suas atitudes para se aproximar de Ni’Jah, e ai de quem impeça esse objetivo.


Dá para notar também a inspiração nas acaloradas discussões da internet para defender quem é o melhor cantor, ou qual possui mais Grammy's. Swarm traz uma crítica à cultura do fã exacerbado, a chamada “stan culture” (combinação de fã com stalker). Em muitos momentos da série, o espectador passa a se questionar quais são os limites da admiração por um artista. Para a protagonista, não há.


Dre é completamente destemida quando se trata de Ni'Jah. (Prime Video/Divulgação)

O afiado roteiro demonstra uma extensa pesquisa em torno de acontecimentos reais, para estabelecer paralelos com a saga de Dre. Em certo episódio, a metalinguagem chega a ser absurda, quase rompendo a linha entre ficção e realidade.


A participação de vários artistas, como Chlöe (do duo Chloe x Halle), Paris Jackson e até mesmo Billie Eilish também fazem parte do contexto criado para a série. Chlöe dá vida à Marissa, irmã de Dre que também fazia parte do “enxame”, os fãs de Ni’Jah, mas que amadureceu, tendo outras prioridades. Já Billie vive Eva, a líder de um bizarro culto formado por mulheres. 


A cantora Billie Eilish dá vida a Eva. (Prime Video/Divulgação)

Claro, todo o trabalho de roteiro em Swarm também se sustenta em uma excelente fotografia, somada à sonoplastia, que traz até mesmo o incômodo zumbido de abelhas em momentos clímax.


Dito isso, a série é um excelente presente ao público, trazendo sete episódios quase impossíveis de não serem devorados de uma só vez. Há presença também daquele ar incômodo e ao mesmo tempo curioso, como uma panela efervescente. Swarm mais do que tece uma crítica à contemporaneidade, ou à cultura da obsessão e a internet. É uma verdadeira viagem ao que há de mais obscuro na mente humana.


Quais são os limites para a admiração? (Prime Video/Divulgação)

Consideração final: Excelente (★★★★★)

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