Egito sob o olhar de Napoleão

Museu de Arte de Belém apresenta a exposição, que reúne itens raros da história mundial.

19/05/2014 14:21 / Por: Itaú Cutural/ Fotos: Reprodução
Egito sob o olhar de Napoleão

Com peças de um dos mais valiosos acervos históricos do mundo, a mostra "Egito Sob o Olhar de Napoleão" reunirá, no Museu de Arte de Belém, 13 volumes da obra “Description de l’Égypte”. A coleção é fruto da expedição ao Egito feita pelo general francês Napoleão Bonaparte, que em 1798 tomou as cidades de Alexandria e Cairo. Os livros contêm estudos sobre arqueologia, topografia, religião e história natural, e foram realizados por uma equipe de 167 integrantes. O grupo – formado por químicos, engenheiros, naturalistas, cientistas, cartógrafos, matemáticos, zoólogos, mineralogistas, linguistas e artistas - tinha como objetivo explorar, descrever e documentar todos os aspectos daquele país. O resultado das pesquisas é considerado hoje o mais importante estudo erudito europeu sobre o Egito antigo e moderno.


O Egito sob o Olhar de Napoleão, na Coleção Itaú, já foi apresentada em diversos lugares pelo país: na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, em 2010; no Espaço Memória Itaú, também na capital paulista, em 2011; e no Espaço Cultural Unifor, na Universidade de Fortaleza, em 2012, por exemplo. Ao todo, foram organizados pelo instituto 14 recortes curatoriais do acervo em 2011 - em capitais brasileiras e em outros países da América Latina e na Europa - totalizando um público de 320 mil pessoas.
 
Napoleão Bonaparte

Aos 29 anos de idade, o general Napoleão Bonaparte se organizou para invadir e anexar o Egito: a França daria um golpe fatal na economia da Grã-Bretanha ao tomar o controle da rota terrestre para a Índia, impedindo qualquer futura expansão britânica na importante e estratégica região do Vale do Nilo.
Em julho de 1798, Napoleão desembarcou em Alexandria, com 55 mil homens e 400 navios. Após conquistar a cidade, ele rumou para o Cairo, onde enfrentou um exército de 6 mil guerreiros mamelucos montados e 10 mil soldados a pé. Conta-se que, antes de iniciar a feroz Batalha das Pirâmides, Napoleão teria proferido a célebre frase: “Soldados, do alto destas pirâmides 40 séculos vos contemplam”.


A batalha foi vencida pelas forças francesas e a cidade do Cairo foi tomada. Um mês depois, a frota francesa foi totalmente destruída pelo almirante Horatio Nelson, na Baía de Abuquir. Em agosto de 1799, após sofrer os efeitos da praga em Jaffa e um cerco brutal em Acco, ambas na Síria, Napoleão, com seu exército dizimado e desmoralizado, decidiu abandonar a campanha. Ele voltou para a França e deixou as tropas nas mãos de seus generais, que finalmente se renderam aos britânicos em setembro de 1801.


Embora suas façanhas militares tenham sido malogradas, Napoleão conseguiu o que pode ser considerado, talvez, seu maior legado: a publicação do multivolume Description de l’Égypte, amplamente reconhecido como o mais importante estudo erudito europeu sobre o Egito antigo e moderno, e foco desta exposição.


O general enviara para o Egito uma elite científica e cultural francesa de 167 estudiosos, cujo projeto visava explorar, descrever e documentar sistematicamente todos os aspectos do país, seus edifícios antigos e modernos, monumentos, plantas, animais, pessoas, topografia, costumes, comércio e infraestrutura. Apoiado por Napoleão e protegido pelo exército, esse seleto grupo de engenheiros, cientistas, matemáticos, mineralogistas, cartógrafos, linguistas, naturalistas e artistas serviu à missão política da expedição ao fornecer informações detalhadas para que o Egito pudesse ser governado e reconstruído de forma eficaz.


Logo ao final do primeiro mês, formalizou-se o Instituto do Egito aos moldes do Instituto da França, organizado em quatro seções: Matemática e Física, Política, Economia e Literatura e Arte. Napoleão, vice-presidente do recente instituto, sugeria questões práticas aos sábios: como melhorar os fornos de pão e a forma de produzir pólvora, como purificar a água do Nilo e como aprimorar o sistema legal. Os integrantes do Instituto do Egito também foram responsáveis pela organização, pela seleção, pela descrição e pela conservação de monumentos antigos – bem como pelo transporte deles para a França.


Após montar oficinas, laboratórios, uma biblioteca, jardins, aviários e uma prensa, os sábios saíram a campo. Eles coletaram amostras de todos os tipos, desenharam tudo o que encontraram – inclusive a Pedra de Roseta, que descobriram em 1799 – e, pela primeira vez, mapearam toda a região de forma precisa.


A mostra é organizada em cinco seções: Cartografia, Religião, Arquitetura, Egito Moderno e História Natural. Traz uma seleção de 13 volumes da monumental obra Description de l’Égypte, mais um dos exemplares produzidos por Dominique Vivant Denon. Os livros são acompanhados por 14 reproduções fotográficas das matrizes de cobre pertencentes ao Museu do Louvre, na França. A exposição traz ainda uma cronologia dos principais eventos da campanha napoleônica no Egito e 14 telas com imagens dos livros, as quais podem ser manuseadas pelos visitantes.
 
Vagner Carvalheiro Porto
Curador

Serviço:
"O Egito sob o olhar de Napoleão, na coleção itaú Cultural"
 
Período: 16 de maio a 10 de agosto
Visitação: Terça a sexta - 10h às 18h. Sábado, domingo e feriado - de 9h às 13h
Local: Museu de Arte de Belém
Endereço: Praça D. Pedro II - Cidade Velha
Agendamento de visitas: (91) 3114.1028
educativa.mabe@gmail.com
Entrada franca

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