Felipe Lozinsky e Gustavo Rozenthal - antes de comprimirem seus nomes e se apresentarem sob o nome Felguk - começaram sua relação com a música da maneira mais convencional. Felipe, com aulas de piano. Gustavo, com violão e guitarra. O conhecimento musical isolado de cada um se encontrou com o interesse em comum pela música eletrônica - além de determinar o que se tornaria o estilo do duo: o eletrohouse. Quando os dois se conheceram no estúdio em que trabalhavam, não imaginavam que suas horas a mais juntos depois do expediente - momento em que exercitavam a criatividade explorando seu som - seriam o estopim para o sucesso que, em tão pouco tempo, os transformou em DJs requisitados e badalados nacional e internacionalmente.
Do talento incomparável para criação, nasceu a parceria - e amizade - que já rende frutos e acumula vários trabalhos com famosos artistas no currículo – entre eles David Guetta, Flo Rida, The Black Eyed Peas e Madonna. Únicos brasileiros no TOP 100 da prestigiada revista inglesa DJ Mag , o Felguk não para nunca: com a agenda lotadíssima - cerca de 150 shows por ano -, suas próximas apresentações já estão marcadas para o famoso festival europeu Tomorrowland, em que serão os embaixadores do Brasil, e para o aguardado Rock in Rio. Mas mesmo com o tempo curto e muitos compromissos, eles ainda lançaram este mês seu primeiro EP, o "Slice&Dice". O site da Revista Leal Moreira bateu um papo com eles e conta tudo sobre a dupla. Vale a pena conferir:
Revista Leal Moreira - Como começou a relação com a música?
Fel: Comecei tendo aulas de piano quando era criança. Fui bem roqueiro na adolescência e me apaixonei quando descobri a linguagem da música eletrônica.
Guk: Ouvia muito rock clássico. Com 15 anos, comecei a ter aulas de violão e guitarra. Gostava muito de computador e ficava fuçando os programas de fazer música desde cedo. De lá pra cá foi apenas uma questão de extrema insistência... (risos).
Revista Leal Moreira - E a música eletrônica, quais foram as primeiras inspirações?
Felguk - Os dinossauros Daft Punk, Prodigy, Chemical Brothers, Fatboy Slim, e Justice.
Revista Leal Moreira - Como vocês se encontraram? O que juntou vocês?
Felguk - Nós trabalhamos juntos em uma empresa que produzia áudio para comerciais. Todos os dias, quando terminávamos o expediente, a gente ficava no estúdio da empresa por horas até chegarmos as primeiras 10 faixas do Felguk. Talvez ele não saiba, mas até hoje somos muito gratos ao nosso ex-chefe.
Revista Leal Moreira - Ser DJ é …
Felguk - Ser DJ é uma profissão multitarefa de sete dias por semana. Tem a parte criativa, técnica, administrativa e de performance. Não tem mais fins de semana livres, e viajar vira rotina. As namoradas, famílias e amigos reclamam bastante, mas tem suas recompensas (risos).
Revista Leal Moreira - E o que insírou as faixas que compõem o EP?
Felguk - Electro, House, Big Room, Groovy, Dub, Bassline. Joga no panelão e mexe bem. Com muito carinho e esmero.
Revista Leal Moreira - Ccomo foi definido o que entrava ou não no EP de vocês? Qual a marca pessoal de vocês neste trabalho inédito?
Felguk - O EP veio de um espírito de criar um corpo musical com começo, meio e fim. Uma narrativa que atravessasse todas as músicas, ou seja, um disco - só que um pouco mais curto. O EP foi sendo montado e pensado organicamente, durante os meses de músicas e experimentações no estúdio. O processo de criação de musica eletrônica é diferente da música acústica. No caso mais tradicional, já se entra em estúdio com muita coisa criada e aproveitam-se esses dias pra ir esculpindo e polindo as composições em um disco. No caso da música eletrônica, a criação e finalização são juntas. Então, o disco vai meio que nascendo organicamente à medida que cada nova faixa é finalizada. Resta depois o trabalho de seleção e ordenação das músicas, e no nosso caso, tiramos duas faixas e lançamos independentes, antes do EP, para deixá-lo mais coeso.
Revista Leal Moreira - Música eletrônica ainda é uma coisa alternativa no Brasil? Como vocês lidam com isso?
Felguk - Sim e não. Em termos de entrada no mercado de rádio, televisão, ou outros meios de massa ainda é um gênero alternativo. Mas em termos de show não. Existe um mercado muito grande de eventos de música eletrônica no Brasil.
Revista Leal Moreira - O sucesso internacional é mais fácil do que o nacional para vocês?
Felguk - Somos tranquilos em relação a isso. Tanto fora quanto dentro do país, os fãs são, em sua grande maioria, bem respeitosos. Às vezes é preciso ser bem sucedido lá fora para que o público brasileiro preste mais atenção nos talentos nacionais. No caso do Felguk isso não é bem verdade, nossa carreira começou aqui e desde então o processo de internacionalização foi orgânico e equilibrado. A parte chata é a comunicação nas redes sociais, que tem que ser bilíngue, aí dá uma sensação que perde-se um pouco o caráter espontâneo dos posts, mas é só uma sensação - pelo menos esperamos que sim (risos).
Revista Leal Moreira - Qual a sensação de trabalhar com a Madonna, por exemplo? Muita cobrança, muita felicidade?
Felguk - Primeiro é a sensação do trabalho sendo reconhecido. Quando se trabalha com ícones pops, como a Madonna, o deadline da entrega do material é sempre muito curto. Isso nos custou dias vivendo intensamente sentimentos como medo, seriedade, tensão, adrenalina e - obviamente, no final das contas - alegria.
Revista Leal Moreira - Como funciona a participação de vocês, como embaixadores do Brasil, no famoso festival europeu "Tomorrowland"?
Felguk - Esse é o segundo ano consecutivo que tocamos no Tomorrowland. Ano passado foi mágico... Ao começar a tocar, a quantidade de brasileiros que vieram nos prestigiar foi de arrepiar. Era notável o sentimento de patriotismo no ar, algo memorável. Esse ano espero que não seja diferente, vamos de novo ao festival carregando a bandeira do Brasil e levando o que o nosso país tem de melhor: a música.
Revista Leal Moreira - E a expectativa para o Rock in Rio?
Felguk - Sempre gostamos de tocar em festivais, ainda mais quando se trata de um festival de rock - que foi o gênero que crescemos ouvindo. Tocamos no Lollapalloza esse ano e foi histórico. Em breve tocaremos no Rock in Rio, quintal de casa. O festival é incrível e temos certeza de que o show não será diferente! Os cariocas vão ouvir pela primeira vez o nosso EP Slice & Dice ao vivo e a cores.
Revista Leal Moreira - Quais os planos para o futuro?
Felguk - Vamos fazer um show exclusivo do EP Slice & Dice, rodando algumas cidades do Brasil e levando com a gente o "paredão" - setup de luz e cenografia que desenvolvemos para essa turnê exclusiva. Pretendemos voltar ao estúdio em breve, para mais singles e colaborações com outros artistas interessantes, incluindo cantores. Por fim, pretendemos continuar fazendo turnês dentro e fora do país, expandindo pra lugares novos como Austrália, Índia e Japão.