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Gastronomia de Belém ganha reconhecimento internacional em revista americana de renome

Em uma ampla reportagem publicada pela revista de viagens Travel + Leisure,  uma revista de viagem mais influente do mundo, Belém é destacada como “o destino gastronômico mais dinâmico do Brasil”. Assinada pelo jornalista Michael Snyder, radicado na Cidade do México e especializado em gastronomia, arquitetura e turismo, a matéria apresenta um retrato profundo da cozinha paraense, valorizando desde ingredientes de origem indígena até restaurantes contemporâneos. O texto também relaciona a culinária local à sustentabilidade e à preservação da memória cultural amazônica.

Sabores ancestrais e cozinha amazônica

No almoço descrito por Snyder, o foco recai sobre o menu degustação do Iacitata Amazônia Viva, comandado pela chef Tainá Marajoara. Os pratos chegam à mesa em cuias, recipientes tradicionais feitos de cabaça e incluem preparações como coração de palmeira de açaí desfiado e lascas crocantes de búfalo frito, vindas da ilha de Marajó. Entre os destaques, está o kanhapira: medalhão de filhote servido com molho de tucumã fermentado, raridade até mesmo para os habitantes de Belém. Para Marajoara, essas receitas ajudam a manter viva a cultura alimentar da Amazônia.

Ver-o-Peso e os ingredientes locais

A reportagem também leva o leitor ao Mercado Ver-o-Peso, onde a jornalista se encanta com a diversidade de produtos: peixes defumados e salgados provenientes de comunidades ribeirinhas, garrafas de tucupi, folhas de jambu, famosas pelo efeito de leve formigamento e o açaí escuro, consumido na região acompanhado de peixe frito, e não como sobremesa. A Travel + Leisure lembra ainda que cerca de 90% da produção mundial de açaí vem do Pará.

História, cultura e influências estrangeiras

O texto reforça que Belém, fundada em 1616 pelos portugueses, é um porto histórico e resultado de múltiplas trocas culturais, fato refletido na gastronomia local. O clássico lombo de porco assado da tradicional padaria A Bijou revela heranças lusitanas, enquanto os espetinhos com molho de soja vendidos nas ruas remetem à imigração japonesa iniciada nos anos 1930.

Nas proximidades do mercado, a Barraca da Fafá ganha destaque por servir pratos indígenas, como a maniçoba, preparada com folhas de mandioca cozidas por dias para eliminar toxinas e combinadas com carnes defumadas.

Valorização da culinária tradicional

A matéria ressalta que, por muito tempo, pratos como farinha de mandioca e o açaí tradicional foram marginalizados pela elite local, vistos como “comida de pobre”. O chef Thiago Castanho, do Remanso do Peixe, lembra que muitos tinham vergonha de consumi-los em público. Esse cenário, porém, vem mudando: chefs e pioneiros, como o saudoso Paulo Martins, passaram a promover a culinária amazônica e a atrair cozinheiros de todo o país. O retorno de Castanho à região e a chegada de Tainá Marajoara impulsionaram ainda mais a projeção internacional da gastronomia paraense.

Entre os restaurantes de maior sofisticação mencionados está o Santa Chicória, dos chefs Ilca Carmo e Paulo Anijar, que apresentam pratos como filhote com pesto de jambu e gratin de mandioca com burrata de Marajó.

No bar Muamba, o proprietário Yvens Penna reinventa coquetéis clássicos, como a margarita, que ganha um toque amazônico com refrigerante artesanal de chicória, erva local de sabor marcante, próxima ao coentro.

Sustentabilidade como essência culinária

A Travel + Leisure destaca que a culinária amazônica está profundamente ligada à sustentabilidade. Segundo Tainá Marajoara, técnicas tradicionais, como fermentações e o uso de plantas nativas, funcionam como verdadeiras “tecnologias” capazes de mitigar impactos das mudanças climáticas. Para ela, não se trata de gastronomia molecular, mas de conhecimentos ancestrais que oferecem soluções reais.

A reportagem conecta esse tema à COP 30, que será sediada em Belém, reforçando a relevância da Amazônia nas discussões sobre preservação e uso sustentável dos recursos naturais e situando a gastronomia paraense como parte fundamental desse diálogo.

Locais destacados pela revista

  • Feira da 25: onde a repórter prova a tradicional tapioca molhada da Tapioca da Dina, crepe de mandioca com coco e leite de coco, receita com mais de 50 anos de história.

  • Restô da Villa Prime, em Icoaraci: comandado pelo chef Osvaldo Farias, serve pratos emblemáticos como caldeirada de tucupi e caranguejo desfiado em cuias de cerâmica produzidas por artesãos locais. Segundo Farias, esses sabores são únicos e motivo de orgulho para os moradores.

  • Cas’Amazonia Brasil: pousada instalada em um casarão restaurado do início do século XX, administrada por Jô Alves e Fernanda Stefani, que também atuam como exportadoras de ingredientes amazônicos por meio da empresa 100% Amazônia, em parceria com comunidades locais.