Destaque do premiado projeto Terruá Pará, Mestre Solano foi arrebatado pelo ritmo quente que vinha do Caribe ainda criança. Num misto de lambada, brega, cúmbia e calipso, nasce a guitarrada. De lá para cá, são seis décadas de palco, 17 discos lançados e o título de um dos maiores representantes da cultura paraense. O suingue da guitarra do músico agora ganha, finalmente, as telas. Solano, aos 72 anos, lança o primeiro clipe da carreira.
O vídeo “O Som da Amazônia”, faixa-título do mais recente disco de Solano, percorre diversos cartões-postais de Belém e outros mais boêmios e inusitados: um convite a redescobrir a cidade. Desenvolvido pela equipe da Muamba Estúdio, o clipe estará disponível no site www.naturamusical.com.br e no canal oficial de Solano:
https://www.youtube.com/mestresolano.
“Solano é um cara que já lançou diversos discos e se tu escreveres o nome dele no Youtube, não vai ter um clipe lá. Nesse caso, o clipe acaba sendo mais que uma ferramenta de divulgação, é um registro documental de um dos maiores artistas do Pará”, destaca Brunno Regis, da Muamba Estúdio.
O registro e a realização de shows para divulgação do CD foram selecionados pelo programa Natura Musical em 2013. “Criamos o edital paraense do programa para ajudar a fomentar a cena musical paraense, investindo em novos talentos, nos ícones locais e em projetos que ajudem a perpetuar o legado da cultura local”, explica a gerente de apoios e patrocínios da Natura, Fernanda Paiva. “Mestre Solano é um dos artistas mais importantes do estado, precursor da Guitarrada e um dos representantes da música de raiz da região”, complementa.
A concepção do clipe demandou um mês de trabalho, entre pré-produção e finalização – contando alguns atrasos por conta do período de inverno amazônico e suas tempestades. “Tínhamos que pensar em algo rápido, prático, que combinasse com o Solano, com a música. Daí veio a ideia de pintar um retrato da cidade com o Mestre em todos os lugares”, relata Brunno. “Essa história de descobrir a cidade é uma coisa que a gente gosta muito de fazer. A cidade é enorme, mas quanto dela a gente realmente consome? As pessoas têm medo de ir para os lugares e o terrorismo que se faz em relação à segurança acabou afastando as pessoas de partes da cidade que são muito interessantes”, analisa.
Usando recursos de edição que buscam acompanhar o dedilhado afinado e ligeiro do guitarrista, o vídeo traz uma sequência de locais marcantes da capital paraense, cidade onde Solano fez carreira antes de despontar no Brasil e colocar para balançar públicos de vários países da América Latina, como Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Panamá e Argentina.
“Escolhemos junto com o Solano a música que ganharia o vídeo. Essa fase da carreira dele busca explorar o talento dele como instrumentista, pioneiro de um dos ritmos mais marcantes e influentes da música do Pará que é a guitarrada”, declarou Aíla, cantora de destaque na nova cena do Pará e que assina a direção artística de “O Som da Amazônia”, 17º disco do músico, que percorreu turnê nacional este ano e possibilitou a Solano tocar, pela primeira vez, na sua cidade natal, Abaetetuba, interior do Pará.
“Quem diria que a essa altura da vida eu iria experimentar tantas novidades, tantas primeiras vezes. Por isso digo: eu continuo na minha teimosia que é a música. Há muito pela frente. Eu vou demorar para partir. Eu falei com o grande lá de cima, e ele me disse que eu vou durar bastante porque estou fazendo muito sucesso e ainda tem muita guitarra para tocar”, garante o músico.
O Som da Amazônia
O videoclipe integra o projeto do 17.º disco de Solano, realizado pela 11:11 Arte, Cultura e Projetos. “O Som da Amazônia (Natura Musical)” é o trabalho de maior qualidade técnica da carreira do músico e busca valorizar a nova produção do Mestre. “Analisando a sua trajetória, vimos que faltava um disco de altíssima qualidade, instrumental, que abordasse a estética da guitarrada paraense. Resolvemos que este CD traria músicas novas, para mostrar que o talento dele vai muito além do hit ‘Ela é Americana’. Trabalhar com o Solano e poder difundir ainda mais a história da música feita no Pará é muito recompensador”, celebra Aíla.
O novo álbum passeia pelas ondas sonoras do bolero, brega e guitarrada paraense, que se misturam à paisagem musical do Caribe. ‘O Som da Amazônia’ exalta o estilo único de tocar guitarra desenvolvido por Solano, sempre com temas musicais pops e grande virtuosismo nos solos. O violonista e compositor Sebastião Tapajós, dono de umas das mais importantes produções musicais da cultura paraense, é convidado especial do disco. Para o amigo, ele compôs ‘Rei Solano’, uma homenagem ao guitarreiro. O produtor Manoel Cordeiro, pai de Felipe Cordeiro e artista com uma longa e frutífera carreira dentro da música pop do Pará, também faz participação no álbum com ‘As belezas do Marajó’, canção que festeja a amizade entre os dois músicos.
Seis décadas de palco
Os ritmos quentes construíram a sonoridade de Solano, que aos nove anos já se arriscava no banjo. O primogênito de uma família de nove Josés enveredou pela música por teimosia. O pai, Raimundo, era carpinteiro. Mas quando livre da oficina, gostava de arranhar o instrumento, momentos que encantavam o pequeno José Félix Solano. “Ele não queria que eu tocasse. Eu insisti e minha mãe me apoiou. Ele não quis me ensinar, mas eu aprendi sozinho. Isso eu trouxe no meu sangue. Todos da família do meu pai eram músicos. A família Solano, da minha mãe, não toca nada”, revela o Mestre.
Autodidata, fez sua estreia aos 13, tocando banjo no grupo Jazz Tupi, na cidadezinha de Beja, distrito de Abaetetuba. A noite inesquecível jamais lhe abandonou a memória: 12 de maio de 1954. Depois ingressou no Jazz Abaeté, a contragosto do pai, para quem “música não dava futuro”. Solano aprendeu a tocar bateria. Em seguida veio a banda Carlos Gomes, onde tocava bumbo.
Aos 21 anos, por vontade da mãe Oscarina, tomou um barco com destino a Belém. Fez o concurso para sargento do Corpo de Bombeiros. Passou. Para desespero do pai, decidiu conciliar a rotina no quartel com a vida nos palcos. Coisa de equilibrista. Encerrava os shows antes de 5h da manhã e dali a pouco estava sentado à mesa do café, banhado e fardado, pronto para o toque da alvorada, às 6h.
Em 1974, veio o primeiro registro fonográfico, um compacto duplo. Nos anos 80, montou seu primeiro grupo, batizado Top5 e depois Solano e Seu Conjunto.
Em 1984, lançou o primeiro LP. Foram cinco discos em seis anos de contrato. Alçada à condição de hit, “Americana”, escrita em parceria com Frank Carlos, não deixava o topo das mais pedidas em diversas rádios de Fortaleza. Povo, Cidade, Dragão do Mar, Iracema – Solano conhecia ali a força da música que seria um sucesso atemporal e também passaporte para os palcos de todo o nordeste. Ele conta que “Americana” fez sucesso até fora do Brasil, em coletâneas de música latina.
Nos anos 90, Solano integrou o casting da gravadora Atração, passando também pela RGE e Inter CD. Em cada uma, lançou dois discos. Em 1994, a Continental/Warner, lançou a coletânea ‘Ritmos do Brasil Vol.4’. Na contracapa, o grupo Mestre Solano e Seu Conjunto figurava ao lado de nomes como Alípio Martins, Fruta Quente, Warilou e Beto Barbosa.
A partir de 2001, vieram os discos independentes. Em 2012, a participação no projeto Terruá Pará, do Governo do Estado, projetou seu nome no eixo sul-sudeste, e consequentemente, para todo o Brasil. Já se vão 16 álbuns lançados – todos eles híbridos, com pitadas de samba, bolero, brega e lambada. Solano já dividiu o palco com Dominguinhos, Lobão, Roberta Miranda, Peninha e Ritchie.
Serviço
Lançamento do clipe ‘O Som da Amazônia’, de Mestre Solano, dia 27, no site na Natura Musical (https://www.naturamusical.com.br/) e no canal de Youtube oficial de Mestre Solano (https://www.youtube.com/mestresolano).
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