O Flâneur e a cidade

Na terceira entrevista da série "Belém - 400 anos", nosso convidado é o Secretário de Cultura do Pará, o arquiteto Paulo Chaves.

22/04/2013 10:45 / Por: Redação/ Fotos: Dudu Maroja
O Flâneur e a cidade

Ainda com o gravador desligado, ele nos avisa – em tom de advertência – e pede desculpas antecipadamente se for “ácido demais” – característica pela qual ele ficou conhecido ao longo de toda sua trajetória pública. Alarme falso. Ácido, não. Polêmico? Sim. O arquiteto Paulo Chaves, que ocupa atualmente o cargo de Secretário de Estado de Cultura, bem que avisou. Mas, ao contrário do que preconizou, tivemos um feliz encontro com um homem apaixonado pela cidade onde mora.

À frente da SECULT – posto que ocupa pela 4ª vez – o arquiteto foi o grande responsável por algumas revoluções na capital paraense, reflexo de uma história de amor – que já dura mais de seis décadas – com Belém.

Nesta terceira entrevista da série “Belém – 400 anos”, Paulo Chaves abre seu coração e fica com os olhos marejados inúmeras vezes. No dia em que o entrevistamos, ele transbordava de felicidade. Entregaria, minutos depois, o secular Theatro da Paz (talvez o símbolo máximo da Belle Époque no Pará) totalmente restaurado – juntamente com o lançamento de um livro, que conta em mais de 500 páginas a trajetória da casa, bem como as alterações ao longo dos anos e todo o processo do minucioso restauro do local.

Emocionante, surpreendente, sem jamais perder o tom cordial da voz e suas palavras (e neologismos) compassadas, além de bem-humorado. Este é Paulo Chaves, com quem a Revista Leal Moreira teve o privilégio de conversar. Naturalmente, o cenário histórico (a casa, no coração da cidade e que abriga a sede da SECULT) compôs a atmosfera de nostalgia predominante em nossa conversa. Sem perder o foco no futuro.

Secretário, a gente começa esta entrevista perguntando: como devolver o título de metrópole da Amazônia para Belém?

Acho que este não é o caminho. Eu acho que não devemos ter uma meta a ser alcançada, desta natureza... Como devolver o título de campeão paraense ao Clube do Remo...? (a sala inteira irrompe em gargalhada) Eu acho que existem outras avaliações que nos encaminharão – ou não – para sermos “isto ou aquilo”. O fato é que eu vejo a Belém dos nossos dias, como tantas outras cidades, e não vou dizer só no Brasil, no mundo inteiro, mas mais particularmente nos países subdesenvolvidos [...]. Essas cidades estão doentes. E aí vem a minha primeira contrapergunta: como é que você faz pra resolver o problema da circulação urbana? Como é que a gente faz pra resolver este problema, por exemplo, se essas cidades não foram planejadas devidamente, corretamente, para este fim? Belém não tem um sistema e, veja bem, quando falo Belém – não é apenas Belém, nem somente Belém – não estou tomando partido. É um posicionamento crítico e Belém vai predominar porque somos daqui. Então, como é que faz? Interrompe a indústria automobilística? Para-se de vender carros? Constrói-se um metrô em Belém? Como, impossível? Como fazer com que as pessoas usem a cidade, as calçadas, os logradouros, as praças, como era antigamente, no final do século XIX, no começo do século XX (ou até mesmo em meados do século XX)? As pessoas estão hoje na cidade como “passantes” – elas vão e vêm, mas elas não estão mais vivendo, elas não estão mais tendo uma relação de amorosidade com sua cidade, com seus monumentos, com sua arquitetura, com seu arboredo. Não estão. As pessoas querem acelerar o que a vida mudou, o que o tempo mudou. O tempo é outro, as pessoas aceleraram. E, no entanto, nem podemos acelerar muito se estivermos no carro ou no coletivo, porque, por outro lado, a cidade enfartou nas suas vias de circulação. Olha como é contrastante: a vida acelerou; o “time is money” é cada vez mais importante e, no entanto, nós ainda estamos no tempo das diligências. Circulamos como se estivéssemos em carroças – com todo o conforto, com equipamentos eletrônicos e os que estão a pé estão apavorados, morrendo de medo ou com o olhar todo fixado no chão, que é para não tropeçar. Porque calçadas contínuas não temos. Sobretudo as pessoas que, como eu, são da melhor idade, ou podem ser mães com carrinhos de bebê, ou um deficiente visual. Como circular em Belém? Em quais calçadas? Como estão essas calçadas? Entulhadas, impedidas com obstáculos de toda sorte. Então a memória das pessoas é uma memória funcional. “Vou à farmácia. Andarei tantos quarteirões, dobrarei ali, seguirei em frente e chegarei à farmácia”. A vida passou a ser de um endereço para outro. O Walter Benjamin conta, em um livro muito interessante, sobre a vida dele em Berlin; a relação dele com a cidade, os documentos. Ele dizia que em cada lugar que ele ia, ele encontrava seu passado, encontrava muitos momentos da sua vida. Não existe mais isso. Hoje não se desfruta mais a paisagem, o sítio. Você sequer hoje enxerga um edifício, uma antiga casa da Belle Époque, enfim, hoje não se tem mais essa relação de amorosidade com a cidade. Quer um exemplo? Quando eu passo pela Dr. Moraes, eu vejo a família Meira na calçada, sentados, tirando um dedo de prosa...

E era um hábito tão recorrente de até 10 anos atrás...

Eu fui acostumado assim! E já passei dos 60 anos... Quando dava seis horas, cinco e meia da tarde, o fim da tarde e a boca da noite eram regados a papo em cadeiras de balanços, à beira da calçada. Isso era uma tradição em Belém. E mais ainda: quem anunciava o fim de tarde? As cigarras! [os papéis se invertem e ele me pergunta] Você nunca ouviu uma cigarra, já ouviu?

Já.

Onde?

Eu cresci sentando à beira da calçada, no Umarizal.

Conversa! Você é muito jovem pra isso. [a gargalhada é geral] Era um alarido na cidade inteira! As cigarras anunciavam a noite – era um canto estridente, mas nostálgico, era lindo. Belém foi uma cidade que, até recentemente, quando se estava no meio da Quintino Bocaiúva, vinha aquele cheiro, aquele odor maravilhoso. Da fábrica Phebo! Reconheciam-se os lugares da cidade pelo cheiro, pelo canto dos passarinhos, pela algazarra dos moleques nas mangueiras... Pelo banho de chuva. Eu não quero ser nostálgico, saudosista, não. O Vicente Salles, que nos deixou recentemente, também não era. Essa é uma visão, uma relação com a cidade que não se tem mais e ao falar sobre isto, agora, é uma crítica. É possível retornar a essa Belém? Voltamos à tua pergunta. Não se trata de ter títulos, condecorações. “Belém é isso, é aquilo; é mais que Manaus e menos que São Luís...”. Não é isto. É saber: onde está a qualidade de vida de cidades como Belém?  Aí nós vamos para a periferia. Parece que eu estava falando desta Belém, chique e elegante, desta área central. E na periferia? Depois de um determinado horário, as pessoas sequer saem de casa. Se você vê as vendas, digo, de toda sorte de mercadorias, é tudo atrás das grades. As pessoas estão sequestradas do seu direito, do ser cidadão, do ir e vir, para ficarem atrás das grades, como presos, em uma cidade inóspita. As pessoas estão indefesas. Daí eu pergunto para você: como restituir a cidade, a Belém como metrópole, a urbes onde queremos viver com dignidade?

Pequenas ideias ou uma grande revolução?

Olha, eu acho... Que se você me desse a função de ser administrador da cidade hoje, seria um grande castigo, apesar de toda a amorosidade que eu ainda reservo por Belém.

Qual seria seu primeiro ato?

Eu partiria para duas coisas. Do cotidiano: a limpeza da cidade, dos bueiros, do lixo nas ruas e a exigência de iluminação pública, para dar uma condição mínima de segurança, enfim, permitir que as pessoas possam ir ao pronto-socorro, a uma farmácia, uma escola. A qualidade do ensino fundamental, porque sem cultura, sem conhecimento, você não pode praticar qualquer cidadania, porque você não tem consciência. Então, essas coisas, que eu chamo de “pequenas providências”, do cotidiano da cidade, são fundamentais. E algumas ousadias. Uma delas seria reunir todas as pessoas que têm experiência, que têm conhecimento, nem que tragam uma perspectiva de fora – eu não sou contra trazer gente de fora para discutir com a gente, não. Eu sou contra quando a gente tem pessoas capacitadas em nosso quadro e manda trazer de fora por diferenças ideológicas, políticas. Isso não. Faríamos um seminário: “Como resolver a questão das vias circulantes de Belém?”. Porque passa pelo transporte coletivo, transporte modal. É um projeto ousado, com certeza...

Mas é um remédio amargo. Necessário, sem dúvida, mas amargo, não?

Olhe, eu aprendi com a minha avó que remédio quando não é amargo, ele não cura. Nós temos que enveredar por um pacto em que cada um ceda um pouco.

Está faltando amor pela cidade?

O que eu vejo é uma coisa que não é de agora, não é só de Belém. É de sempre, de todos os tempos. Há um egoísmo muito grande – há uma tendência natural de as pessoas olharem sempre para o próprio umbigo, por isso é que eu volto agora ao tema de educação e cultura. Você tem que ter uma consciência de coletividade. Uma visão social do drama que é conviver no mesmo sítio, numa mesma urbe. Ninguém é uma ilha – no mínimo, somos um arquipélago de pessoas. Há que se ter urgência desta consciência. [ele para um pouco, reflete e retoma] Por exemplo, a questão da arborização da cidade.

Isso é uma polêmica, não?

As mangueiras foram um equívoco. Um grande equívoco. Porque, àquela época, não havia essa quantidade absurda de veículos. Veja bem, estamos falando do final do século XIX. As calçadas eram imensas – hoje não são mais. As mangueiras cresceram muito. E elas não foram pensadas para hoje – talvez fosse impossível fazer esse exercício de “futurismo” então. E que os postes de energia elétrica fossem para o meio da rua, com um emaranhado de fios – e, convenhamos, há uma solução mais inteligente para isso: embutir os fios, fazer com que eles sejam subterrâneos. Eu tenho feito isso em todos os lugares que eu tenho feito intervenção, como o Feliz Lusitânia. É uma solução cara? É. Mas do jeito que estão as mangueiras sofrem. Com podas em “v”, que deformam e desequilibram as árvores. Acresça aí os serviços que são feitos nas calçadas, de água, de telefone, porque se cortam as raízes das mangueiras e isso as desestabiliza. É difícil você ver uma mangueira com seu tronco íntegro, sem os nódulos causados pela poda incompetente. E repare: não são somente as árvores que ficam desequilibradas. Os postes de energia elétrica estão tortos – não há um único poste no prumo, é uma dança de postes. Aí, me perguntarias: “E aí? E eu te responderia “não sei”, mas não tiraria uma única mangueira. Eu exigiria, como gestor público, que as podas fossem mais responsáveis, que fossem feitas pensando na árvore e não na fiação elétrica. Veja bem: não estou dizendo que as mangueiras não têm importância. Muito ao contrário! Por anos, elas embelezaram nossa cidade, nos deram sombras e frutos... Nominaram a cidade e ainda foram generosas o suficiente para nos dar túneis lindos. Não estou propondo tirar nenhuma, mas precisa-se buscar soluções. E onde não há mais mangueiras, replantar uma espécie que cresça rápido.

O prefeito Zenaldo comentou que gostaria de fazer uma consulta popular para não replantar as mangueiras. Que a gente busque outras espécies que se adequem melhor ao nosso clima, às nossas necessidades...

O prefeito Zenaldo é um homem de sensibilidade. Convivi com ele e sei que ele está com vontade de ser um bom prefeito, mas não basta vontade. Essa decisão dele é muito sábia. Não é uma decisão de um alcaide. É uma decisão que passa pelo coletivo. Agora não pode ser também um plebiscito emocional. Porque se for emocional, a mangueira vai levar. Há que se ter uma campanha com pessoas esclarecidas, que possam elucidar dúvidas. Mas com a quantidade de carros, na época das mangas, a quantidade de para-brisas quebrados e carros amassados é enorme. Ainda tem o risco às pessoas que circulam nas calçadas... É uma questão complicada, porque passa por tradição.

O senhor acha que os entes municipal e estatal dialogam ou dialogaram pouco? O senhor acha também que falta amor do paraense para com sua cidade?

Eu usei a palavra “amorosidade”, não é? Há que se ter isso em tudo que você faz na vida. Eu não consigo um traço, um projeto, se eu não me apaixonei pela ideia, pela proposta, pelo benefício que pode trazer às pessoas. O amor é fundamental a qualquer profissão. Um médico, por exemplo, pode ser competente, mas ele tem que ser humanista – ele não pode ser mercenário. Ele tem de ter essa relação com o paciente, inclusive, porque sabe que isso vai acelerar o processo de recuperação. O mesmo em relação a administrar uma cidade. Belém está doente? Está. É grave? É. Alguém tem que tomar conta. Não dá pra ser “o último apaga a luz e fecha a porta”.

O paraense sente falta de coisas simples, não? Lixeira nas ruas, por exemplo...

Belém já teve muitas lixeiras. Mas elas não eram cuidadas. Porque não basta colocar lixeiras – elas têm de ser cuidadas; o lixo tem de ser retirado. Para isso acontecer há que se ter qualificação técnica nos quadros da prefeitura. Na época da administração do Lemos, por exemplo, ele mantinha nos logradouros, nas praças, normalmente, quatro operários: era um bombeiro, um marceneiro, um serralheiro e um homem de limpeza. Eles articulavam as equipes, mas a presença era permanente. Geralmente debaixo dos coretos, onde funcionavam pequenos escritórios. E esses funcionários sabiam de tudo relacionado àquele lugar, àquele logradouro. Eles sabiam, em detalhes, de toda a engrenagem: quando uma luz queimava, quando estava vazando água de um lago... Conheciam até quem frequentava, os moradores. Hoje, talvez, não dê para fazer isso por logradouro, mas dá para fazer por bairro. Quem sabe subprefeituras com pessoas do próprio bairro? Quando tu tens uma subprefeitura, têm-se gerentes, eleitos pelos próprios moradores do bairro. Quem sabe não é um caminho?

E a memória do paraense?

A cidade está de tal ordem, que hoje as pessoas não enxergam mais a escultura pública, os monumentos. Não se nota mais os casarões antigos. Hoje se sai mecanicamente de casa e se volta da mesma forma para casa. A cidade em si, o lugar que é comum a todos, o sítio comum não é mais desfrutado. Não existe mais o flâneur. Não se sai mais descompromissadamente para deambular pela cidade. Não se tem mais o registro do “ali ficava uma farmácia onde eu aviava as receitas da minha mãe”. Não se tem mais isso. Fora a repetição estética – o mau gosto... Quarteirões e mais quarteirões de uma repetição de vulgaridades. Uma pobreza estética, arquitetônica. A minha profissão é a arquitetura, mas podes ter a certeza de que eu não vou procurar o déjà vu, a repetição minha e de um colega arquiteto. Vou procurar marcar a cidade.

Falando nisso, o senhor nos permite uma curiosidade? Que prédios, que logradouros significativos para o senhor ou para a história da cidade o senhor restauraria?

Sabes que, no momento, estou me dedicando muito ao Parque do Utinga? Estamos projetando um parque que, dentre tantas outras coisas, terá um aquário de padrão internacional, integrado à natureza. E eu acho que isso vai ser um grande ganho para nós, porque será um local de instrução, de educação, de pedagogia, de pesquisa científica. Você vai lá aprender a importância de preservar nossos rios, nossos lagos – e com isto, nossa fauna, nossa flora, além de ser um lugar para estudar nossas espécies. Segundo, tenho um projeto, pronto para fazer junto com a prefeitura e eu já conversei com o prefeito, o “Parque da Soledade”, tirar o estigma de cemitério, transformar aquele lugar em um lugar de memória, de história, de rememoração do passado. E é um desperdício – o Soledade é quase do tamanho da Praça Batista Campos, com mangueiras intactas. Ali não podaram – ali é o exemplo mais bonito de mangueiras saudáveis. Sem mencionar que o Soledade, embora tenha funcionado por apenas 30 anos, reúne estilos variados. Ali você encontra o art nouveau, o art déco, o neoclássico. E instaurar uma cultura de que é possível “saudar as almas” ou os santos populares sem queimar. Temos que ter um lugar para as velas. A cultura será mantida porque é bonito e cultural. Paralelo à restauração do Soledade, temos que pensar na organização da feira da Batista Campos.

Uma saudade sua...

Falei em tantas.

De fato: falou das cigarras, das conversas nas calçadas... Mas eu me refiro a algo no qual o senhor pensa durante o seu trajeto e se pega imaginando “seria tão bom”...

Então pronto, vamos a uma grande saudade: de ir e voltar andando para a escola. Eu estudava no Suísso-Brasileiro, no final da Avenida Nazaré, quase na esquina da Catorze de Março. Ali eu tive as primeiras letras, como se diz. Os donos eram alemães. Anita e Helga Müller. Eu morava onde eu nasci, inclusive. Ali na Catorze de Março, entre a José Malcher e a João Balbi, no edifício Maria Carolina, que era o nome da minha mãe e o projeto é meu. Eu ia e voltava andando. Parava para tomar um sorvete, mas eu ia a pé. Sem nenhum receio, sem nenhuma ofensa. Neste passeio, eu exercia o papel do flâneur. Às vezes a ida até que era um pouco acelerada, mas na saída, eu ficava inventando trajetos. Prolongava, parava na Livraria Martins, parava para pegar um gibi, pegava manga. Existe essa saudade imensa de caminhar livremente por uma cidade adorável. E vamos situar isso: nos anos 50. No ginásio, já no Moderno, eu ia de bicicleta. [Paulo Chaves fica com os olhos marejados]

Um lugar que o senhor ama com todas as forças.

Ah, são dois. Um que eu visitei como estudante, entre 1964/1965, e que depois, ao retornar, encontrei dilacerado e isso me dilacerou [ele bate na capa do livro, que seria lançado horas mais tarde]: o Theatro da Paz. E a igreja de São Francisco Xavier, que você conhece como a Igreja de Santo Alexandre. Cinquenta anos de restauração e já se falava em torná-la um museu de arte sacra. Eu tive o privilégio de restaurar ambos. Um ícone da Belém colonial e outro, o símbolo máximo da Belle Époque. [ele se emociona novamente]

O que o senhor deseja para Belém em seus 400 anos?

Uma coisa possível: que essa cidade sem caráter volte a tê-lo. Inclua isso: o sítio e uma parte significativamente de pessoas. Quero uma cidade fraterna, amiga, companheira. Que a gente tenha prazer de viver nela.

Mais matérias Nacional

publicidade