Começa hoje o festival Movimento Hot Spot na Estação das Docas. O evento trará uma programação cultural e artística diversificada e interessante - com shows de Strobo, Projeto Charmoso e Allan Carvalho, artistas selecionados do festival, e dos convidados Luê e Gang do Eletro. Belém é a sétima cidade a receber a programação, que começou em Brasília e passou pelas cidades de Porto Alegre, Vitória, Recife, Salvador e Natal. Além das várias atrações, o Hot Spot vai expor trabalhos e projetos inovadores de pessoas de todo o Brasil.
Foram 1642 inscrições de todo o país, dos quais 303 foram selecionados para participar dessa etapa do festival. Os estados do Pará, Rondônia e Amazonas somam 23 participantes, mas Belém concentra a maioria da participação da região Norte - divididos nas categorias de música, design gráfico, fotografia, arquitetura, cenografia , ilustração, moda, design e ideia. O site da Revista Leal Moreira falou com Graça Cabral, uma das idealizadoras do projeto, para saber tudo sobre esse evento que promete sacudir Belém este fim de semana.
Revista Leal Moreira - O que é o movimento?
Graça Cabral - O Movimento Hot Spot é uma plataforma de busca, exposição e premiação de novos talentos em onze áreas criativas. É um projeto que tem uma abrangência nacional e tem a intenção de revelar talentos em áreas que a gente sabe que tem pelo Brasil inteiro, mas que às vezes o olhar fica muito concentrado no eixo Rio-São Paulo. A ideia sempre foi tirar desse eixo, descentralizar, para vermos também o que está acontecendo nas outras regiões e somar. O principal é exatamente poder mostrar essa riqueza, diversidade, em trabalhos que têm uma linguagem comum. Os festivais têm essa intenção de fazer com que as pessoas troquem experiências, que também sejam reconhecidas nas suas regiões, para que isso venha a ser também uma fonte de sourcing de novos profissionais para as áreas, para que você não dependa tanto dos profissionais de fora ou fazer o cara ter que migrar para ser reconhecido. É um trabalho também de valorização. A gente acaba revelando os potenciais regionais que podem ser aproveitados em outras regiões. É um pouco também para entender essa riqueza que fica espalhada pelo Brasil, que pode ser fonte de trabalhos criativos e de identidade.
Revista Leal Moreira - Como surgiu a ideia?
Graça Cabral - O Movimento Hot Spot é uma evolução do Hot Spot que era uma incubadora de moda. Foi a primeira incubadora de moda do mundo, não existia esse processo. Foi criado em 2002 e até 2007 a gente incubou onze marcas, novos talentos na moda. E aí começamos a perceber que a moçada mais nova era muito diferente dos estilistas mais antigos, que estavam há mais tempo no mercado. Eles trabalhavam juntos, de maneira colaborativa. Eles faziam coisas já em conjunto, se ajudavam mutuamente. Um complementava o trabalho do outro. Entendemos que a incubadora tinha uma procura muito grande de gente do Brasil inteiro que queria fazer parte, e não íamos ter condições de ajudar todo mundo. Aí a gente pensou: “Vamos transformar em um prêmio? A gente consegue mapear e dar mais oportunidade para o Brasil inteiro. Mas só moda? Não, vamos ampliar”. Foi aí que nasceu a ideia de fazer um prêmio que tivesse várias categorias criativas que dialogassem entre si ou não.
Revista Leal Moreira - Como você avalia a participação dos candidatos de Belém?
Graça Cabral - Num primeiro momento, estávamos receosos porque eles demoraram a se inscrever. Mas depois dos scoutings (etapa de divulgação do projeto, que acontece durante o período da inscrições, para fomentar e explicar melhor o projeto) no ano passado, passamos a ver uma participação bem interessante. Belém está concentrando a região Norte inteira, além de outras regiões que ficam mais afastadas, onde a gente não pode ir para conversar e inspirar. Essas regiões vão acabar participando mais também. Toda região Norte tem uma riqueza muito particular - e isso, em alguns trabalhos, ficou mais evidente. Os curadores de ideias dizem que até foi possível ter uma tendência de mapeamento do Brasil por áreas de trabalhos que eram apresentados. Percebemos que o Norte apresentou trabalhos que se preocupam mais com a sustentabilidade do que outras regiões. Elas também têm essa preocupação, mas está mais evidenciada nos trabalhos que foram inscritos aqui. Por exemplo, no Nordeste está mais evidenciado o artesanato. É curioso, porque acaba sendo também por onde essas pessoas gravitam, onde elas têm inspiração. É importante também ter outras referências, que, somadas às referências originais do local, às referências regionais que você tem, isso possa dar um produto universal.
Revista Leal Moreira - Qual foi o diferencial dos classificados?
Graça Cabral - Eles foram selecionados pelos curadores. Os critério era, inicialmente, originalidade. Inovação era um ponto forte, e aí cada área tinha os seus parâmetros. Cada curador tinha em mente buscar essa originalidade para ver realmente o talento que a pessoa colocou ali.
Revista Leal Moreira - É a primeira vez em Belém, não é?
Graça Cabral - Essa é a sétima cidade em que estamos chegando. É a primeira vez que Belém vai ver o festival. Espero que venham candidatos de outras regiões que possam também levar esse espírito do que é o festival. A gente quer que ele tenha esse caráter móvel, porque é orgânico, ele acontece à medida que as etapas vão acontecendo. Acabam acontecendo coisas inesperadas: uma banda conhece um músico de Goiânia, de Brasília, ou é daqui de Belém e conhece alguém de Manaus e comecem a fazer coisas juntos. Essa é a intenção do festival. Que ele não se feche, que ele abra oportunidades de criar novas parcerias, novos trabalhos. É muito mais um Hub(aparelho que compartilha a rede) que reúne redes criativas, e a partir daqui podem sair vários outros trabalhos.
Revista Leal Moreira - Começa amanhã... Como está a expectativa?
Graça Cabral - Está grande! As pessoas gostam muito quando vêm, porque é um trabalho inesperado. Quando elas chegam e vêem os trabalhos, nós vemos que as pessoas se detêm, elas vão olhar cada trabalho, elas ficam surpresas... Acho que as pessoas vão gostar bastante.
Serviço
Festival Movimento HotSpost, com apresentação do Ministério da Cultura através da Riachuelo e da Vale. Parceiros: Sebrae, Elle, Super Interessante, Endeavor, Fora do Eixo. Realização: Luminosidadde e In-Mod com. A produção local é da Três – Cultura Produção Comunicação, com apoio cultural da Pará 2000 – Estação das Docas - e da Rede Cultura de Comunicação – Funtelpa. Dias 5 e 6 de julho, em Belém, na Estação das Docas. Entrada franca.