Quem não gosta de ouvir ou contar uma boa história? E isso acontece da forma mais natural possível - como, por exemplo, quando contamos alguma casualidade da vida para nossos amigos. Muita gente não sabe, mas - antes do livro aparecer - a mais corriqueira forma de transmitir conhecimento de uma geração para outra era pela oralização, na contação de histórias.
A atividade, embora não seja mais usada tão frequentemente com esse propósito, ainda cultiva admiradores e fomentadores dessa prática, que hoje ainda busca estimular o aprendizado em forma de entretenimento. Para homenagear esta data em alto estilo, o Movimento de Contadores de Histórias da Amazônia (MOCOHAM) em parceria com a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - como parte das comemorações dos 143 anos da biblioteca Artur Viana – realizará uma programação mais que especial, que vai de hoje até sábado (22), no auditório do Centro Cultural Ismael Nery (Centur).
Quem aprecia esta arte pode contar com uma extensa e variada lista de eventos que integram o II Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia. O evento vai reunir cerca de 500 pessoas, que durante três dias terão a oportunidade de participar de seis oficinas ministradas por contadores paraenses e de outros Estados.
Confira quem faz e tudo que vai rolar na programação:
MOCOHAM
Grupo organizador do II Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia. Foi formado a partir de uma reunião no dia 18 de Abril de 2011, dia do livro infantil e nascimento de Monteiro Lobato. Naquele dia, um grupo de educadores paraenses que têm como base do seu trabalho a palavra escrita e falada reuniram-se para começar as discussões sobre a formação de um movimento de Contadores de Histórias da Amazônia. "Queríamos criar uma rede que possibilitasse a comunicação dos contadores que atuam na Amazônia, e com esse desejo nasceu o MOCOHAM", explica Andréa Cozzi uma das organizadoras.
O primeiro passo foi promover um encontro, para discutir as especificidades da arte de contar histórias. "Nossa parceira no projeto foi a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves-CENTUR, que este ano comemora os 143 da Biblioteca Artur Viana, realizando o II Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia, repetindo a parceria da primeira edição".
Já para Antônio Juraci Siqueira – contador de histórias, poeta e escritor paraense - ser contador é "perder o nome e ganhar um título de nobreza: O Contador. O que conta en/cantando, o que en/canta contando! Aquele que faz da palavra falada, contada e encantada um terno e eterno movimento de maré enchente, um rio a correr em todas as direções, penetrando ouvidos, olhos, pele, até atingir a piracema onírica - que é a alma, o coração e a mente de quem se encontra acocorado às suas margens”. Foram ofertadas seis oficinas com contadores daqui de Belém e de outros estados.
POROROCA POÉTICA
Alusão ao fenômeno que ocorre na Amazônia nos primeiros meses do ano, caracterizado por grandes e violentas ondas que são formadas a partir do encontro das águas do mar com as águas do rio, o II Festival Pororoca de Histórias está baseado na ressonância que o fenômeno natural vai causar para fazer “estrondar” histórias, contos, lendas, causos e tantos outros trazidos de vários cantos e recantos da Amazônia para “mundiar”, encantar, quem se reúna para assistir. A pororoca poética será sentida também no mundo, pois o mesmo acontecerá de 20 a 22 de março, período que marca as comemorações pelo dia Internacional do Contador de Histórias, 20 de março. Neste dia, a RIC - Rede Internacional de Contadores de Histórias - chama todos os contadores do mundo afora a realizarem uma contação mundial, voltando os olhos do mundo para o Brasil, Amazônia, Belém do Pará. Distribuição de ingressos 30 minutos antes das sessões.
CAÇADA AO SACI
A aventura é iniciativa da "sacióloga" da Biblioteca Municipal Murilo Mendes (Juiz de Fora –MG) e narradora da caçada Margareth Marinho. Ela apresenta a história do saci, e ensina como capturá-lo:. “Precisamos de uma peneira, uma garrafa escura e uma rolha de cortiça. Quando aparecer um redemoinho, jogamos a peneira e colocamos a garrafa do lado, e ele entra nela. Aí é só fechar com a rolha. Mas ele é muito esperto e tem poderes também. Pode aparecer e sumir, crescer e diminuir". A caçada do Saci será no dia 21/03 as 18h30 no Horto Municipal,as inscrições são limitadas, apenas 30 vagas
QUEM VEM:
Margareth Marinho- Autora dos Projetos de Incentivo à Leitura, recorrentes na mídia local, “Caçada ao Saci” e “Escola de Escritores”. A socióloga estará à frente da Caçada ao Saci, que ocorrerá no Horto Municipal no dia 21, às 18h30. São apenas 30 vagas disponíveis, em função do espaço.
Regina Machado -Pioneira da narração de histórias no Brasil, a professora da USP começou a contar histórias nos anos 70, como parte de seu trabalho com arte-educação. Idealizadora de projetos como o “Boca do Céu” - encontro internacional de contadores de histórias previsto para maio deste ano no Sesc Pompéia.
Francisco Gregório- "Oralidade, afeto, cidadania e Práticas Leitoras: vivências de um contador de histórias” será a palestra de abertura com o acreano formado em artes cênicas pela UNIRIO. Foi gestor de programas e projetos culturais nas áreas de música, rádio e teatro. Na década de 90, começou a se dedicar às questões da leitura, tendo sido um dos organizadores do Programa Nacional de Incentivo à Leitura, implantado em 1992, na Biblioteca Nacional.
Mauricio Leite- fez-se educador pela arte no seio das teorias de Paulo Freire, Montessori, Piaget e outros. Mas foi no terreno dos muitos lugares em que tem trabalhado - desde a Amazônia até Moçambique - que construiu o seu modelo de intervenção, “garimpando leitores". Ele ministrará a oficina "Mala da Leitura", uma experiência com promoção do livro e incentivo à leitura que partiu da Amazônia no Brasil, e que é trabalhada atualmente nos países de língua portuguesa - além dos Estados Unidos, México e Espanha.
E mais: os paraenses Juraci Siqueira, Joana Martins, Marluce Araújo, Maiolina Neves, Sonia Santos, Adriana Cruz, Sonia Situba, Tatiana Maia, Andréa Cozzi, dentre outros.
Serviço:
II Encontro dos Contadores de Histórias da Amazônia - "Nem te conto – Um encontro de muitas vozes” e II Festival Pororoca de Histórias.
Data: 20 a 22 de Março de 2014.
Local: Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (Centur)
Entrada franca.