Colunistas
Ângela Sicilia
Das lembranças que tenho da infância, algumas permaneceram muito nítidas em minha mente: da lanchonete no Clube do Remo, de passar o troco (e me sentir tão adulta quando eu era uma fedelha rs), do irreproduzível bolo de amendoim (cujo sabor foi pro céu com minha mãe), de brincar na cozinha dos restaurantes e... deles, no Natal.
Acreditávamos verdadeiramente no Papai Noel. Sonolentos ou não, havia aquele ar que nos enfeitiçava; era expectativa pelo presente, sem dúvida, mas por uma mágica que ocorria uma vez ao ano.
A mesa do Natal... ah, essa mereceria uma coluna inteira. Ela caprichava (embora fosse muito simples): rabanadas, panetone, o bolo... Refrigerante estava liberado! (e se ninguém estivesse olhando era permitido – pacto de silêncio entre irmãos – passar o dedo na cobertura de chocolate). Ele abria um vinho, punha um disco na vitrola e cantarolava músicas italianas.
Não é segredo para ninguém, mas os perdemos muito cedo e ganhei um novo pai, o Fabio, que se esforçou muito para que não perdêssemos a fantasia, a mágica... sentimento, aliás, que até hoje é muito presente em nós dois. E que, por opção, compartilhamos com todos. Todos, sem exceção.
Decidimos fazer do Natal uma celebração única, porque é muito importante “ter um filho, escrever um livro, plantar uma árvore” e cultivar bons sentimentos... aqueles que surgem quando nossos sonhos se realizam.
Óbvio que as luzes deste período brilham mais... especialmente aquelas que saem dos olhos daqueles que as veem tão pouco.
Chegamos ao fim de mais um ano... que foi tão difícil, marcado por tantos acontecimentos ruins e recessão financeira, mas eu torço, de coração, que vocês tenham uma mesa farta, sem dúvida, mas que a verdadeira fartura seja a de sentimentos e da vontade de estender a mão (bem como compartilhar o pão) a quem precisa.
Façam brilhar sua luz interior. Façam os olhos de alguém brilhar.
Que todos os seus dias sejam Natal!
(e que venha 2016 mais generoso e de paz para todos)