A linguagem visual é a origem das expressões mais antigas da arte, que se transforma ao longo do tempo. Com o advento da tecnologia, a arte foi levada a um novo patamar, utilizando meios de expressão como vídeo-arte e instalações para representar seus conceitos e ideias. O Salão Xumucuis de Arte Digital coloca-se como um dos canais de abertura para esses artistas – uma abertura para a interação com essas novas perspectivas artísticas.
O Salão - que está em sua segunda edição - foi idealizado pelo próprio curador Ramiro Quaresma, com a coordenação geral de Deyse Marinho; e tem o intuito de fomentar a produção de arte em ambiente digital e novas tecnologias de artistas visuais brasileiros, sobretudo paraenses. Este ano, o concurso teve tema livre e abordou o diálogo com as novas tecnologias e hipermídias contemporâneas. Foram mais de 800 inscritos em todo país. Vinte nomes foram selecionados para a mostra, com trabalhos de videoinstalações, vídeo-arte, web-arte, gravura digital, instalação sonora e game-arte. Três foram premiados e são destaques desta edição: Nacho Durán, de Goiás, com o trabalho “Panoramas del Sur de Nácho Duran”; a artista Lea Van Steen, de São Paulo, com “Jukebox”; e Lucas Gouvêa, de Belém, com “Eufêmero”.
Lucas Gouvêa conversou com o site da Revista Leal Moreira. Aos 23, o jovem estudante e artista paraense nos explicou um pouco mais sobre a proposta de seu trabalho e sua opinião sobre o valor de um evento como esse – não só para os artistas paraenses, mas para a própria sociedade. Confira o papo:
Site Revista Leal Moreira - Qual a proposta do seu trabalho premiado pelo concurso da mostra?
Lucas Gouvêa - O trabalho surge de uma necessidade histórica de atualizar seu ego por meio de uma autoimagem. Faço-me Narciso a contemplar o rosto no espelho-d'água (vídeo) e ressignifico o mito ao tentar fixar nesse espelho o reflexo de meu rosto (performance); tal impressão é uma utopia, pois quando o rosto se move o reflexo do mesmo se move junto, tornando o ato do autorretrato uma ação efêmera intermidiática – sugerindo talvez uma alquimia artística que simboliza a forma que as pessoas lidam com sua auto identidade na era digital. Também trata da forma como nos manipulamos para alcançar uma estima, status quo, a perfeição auto estética. A meta-máquina que crio para intermediar a performance é composta por uma câmera digital de vídeo captando uma imagem em tempo real que é conectada/transmitida à entrada de vídeo de uma televisão.
SRLM - Em suas obras você segue algum tema específico?
Lucas Gouvêa - Eu tenho realizado trabalhos em vídeo recentemente associados a mitos, ou grandes obras do mundo da arte, mas não costumo seguir temas ou linguagens especificas. Gosto de me apropriar das mais diversas formas de fazer arte.
SRLM - Como você avalia a importância do evento para o trabalho do artista paraense?
Lucas Gouvêa - Abre-se uma janela importante, que é a de produzir conteúdo digital em um lugar do Brasil em que menos temos conectividade. O projeto ainda é um embrião, e acho que por meio dele várias plataformas irão surgir, além do espaço expositivo. O Ramiro está de parabéns por ter a coragem e vontade de abrir essa janela, mesmo que o meio não seja um dos melhores para realizar.
SRLM - E para a sociedade? Qual a relevância desse espaço para exposição de novas propostas artísticas?
Lucas Gouvêa - Acho que, ao visitar esses espaços, o público se sente confrontado sobre o conceito do que é arte e das formas contemporâneas de execução das mesmas. Os trabalhos abrem a visão de quem conhece pouco arte, e possibilitam a vontade de produzir. A baixa tecnologia é muito presente dentro desse espaço. Fico feliz por isso, pois é a forma mais fácil de fazer arte digital, e possibilita a todos serem artistas hoje.
A primeira fase da mostra foi o Hiper_Espaço 01 do II Salão Xumucuís de Arte Digital, na Galeria do MABEU. Lá, foram expostas as obras de todos os artistas selecionados, formando uma espécie de trajetória da arte digital no Brasil e na Amazônia. O segundo momento da exposição abrirá esta semana com o Hiper_Espaço 02, onde serão apresentadas as obras com interfaces tecnológicas interativas e as instalações multimídia de tipologias, inéditas em exposições na Região Norte do país. Vale a pena conferir.
Visite: II Salão Xumucuís de Arte Digital: @mazônia artemídia
Hiper_Espaço 02 – Museu do Estado do Pará – Salas Antonio Parreiras e Manoel Pastana
Abertura dia 11 de Abril de 2013 (quinta-feira) – Visitação de 12 de Abril a 05 de Maio
Hiper_Espaço 03- Galeria Gotazkaen – Bate-papo sobre Arte e Tecnologia
12 de Abril de 2013 (sexta-feira) às 19h
Hiper_Espaço 01- Galeria do CCBEU – Visitação de 26 de Março a 23 de Maio
Mais informações: (91) 3348 6426 / 8239 2476 / xumucuis@gmail.com
Foto: Divulgação