
Uma figura que não pode ser rotulada, mas sentida em todas as suas cores e formas. A obra de Jorge Eiró é um verdadeiro fascínio aos olhos, vibrante e cheia de vida. De referências que vão do Círio de Nazaré à Van Gogh, o artista, que também é arquiteto e professor, conta para a LiV um pouco de sua brilhante trajetória. Jorge também conta sobre suas premiações e passagens pelo Arte Pará, além de exposições em Miami e mais: o artista compartilha um exclusivo novo projeto tridimensional.
LiV: Como surgiu seu interesse pela arte?
Jorge Eiró: É uma longa história! Na verdade, eu sempre gostei muito de desenhar desde criança. Meus pais ainda têm muitos cadernos cheios de desenhos. Eu gostava de desenhar cidades, mapas de cidades e tudo mais. E aí nós recebemos uma coleção de livros que eram os gênios da pintura. Aquilo, quando eu tinha uns 12 anos, foi absolutamente deslumbrante. Conheci os grandes mestres da pintura e aquilo me influenciou profundamente. Acho que começar por aqui é importante.
LiV: Sua trajetória inclui participações importantes em salões de arte. Poderia destacar alguns momentos significativos nessa parte da sua carreira?
Jorge: Bom, acho que foi muito importante a participação nos salões do Arte Pará durante muito tempo Depois participei do Salão de Pernambuco, Salão Nacional de Artes Plásticas, que era o grande salão de artes visuais do Brasil, Salão Paulista, enfim. Depois fizemos, juntamente com o Geraldo Teixeira, que é um grande amigo, parceiro, artista plástico, também fizemos exposições em Miami, exposição de artistas paraenses chamado Art and Paradise, que foi um tremendo sucesso. Rodou Miami, Washington, Nova York, enfim.
LiV: Suas obras parecem beber de diversas fontes de inspiração. Quais seriam algumas das principais referências que moldam sua arte?
Jorge: O repertório do meu trabalho vai desde, por exemplo, o cinema ou da própria história da pintura, tem referências ao Van Gogh, que é o meu pintor predileto, ao Hopper, que é um pintor norte-americano. E às vezes uma inspiração vem de uma música do Caetano. A Virgem de Nazaré também, essa iconografia do Círio que eu exploro, da berlinda, os monumentos de Belém, o relógio, a estrada. Eu sou fascinado pela paisagem da estrada e do mar. São, enfim, infinitas fontes de inspiração e de referências para o meu trabalho.
LiV: Além de artista plástico, você também atua como arquiteto e professor. Como essas diferentes áreas se conectam em sua vida?
Jorge: Sempre me dividi nessas três atividades: como artista, do arquiteto e como professor, porque a docência também me tomou desde cedo. Não era meu projeto ser professor e acabei sendo durante 35 anos. Eu não consigo desassociar dessa relação entre a arquitetura que me formou, as artes plásticas que eu abracei e a docência também que fazem parte desse tripé que me constituem como profissional e como pessoa.
LiV: Há algum projeto futuro que gostaria de compartilhar?
Jorge: Tenho um projeto de experimentar uma coisa tridimensional, que vou revelar aqui em primeira mão. A inspiração vem dessa arquitetura ribeirinha, das palafitas da nossa região, coisa que eu já venho também exercitando com desenho e arquitetonicamente é uma coisa que muito me encanta, daquelas estruturas de madeira, das palafitas, nas margens do rio. Estou falando disso, de uma série que estou pensando, que é uma coisa inédita ainda e estou revelando para vocês. Vejo o mundo, capturo e converto, transfiro e recrio à minha maneira, na minha pintura, enfim.