Nunca foi tão fácil ouvir música. Em um toque, um acervo infinito de artistas está disponível para todos os gostos e gêneros nas plataformas digitais. Tanta acessibilidade faz com que muita gente até esqueça de uma das maneiras mais tradicionais de se descobrir e apreciar música: os clássicos vinis.
Um formato que nunca deixou de ser evidente, o vinil está sendo redescoberto e apreciado por uma geração de ouvintes apaixonados. Prova disso são diversos artistas contemporâneos lançando seus álbuns nesse formato, permitindo que o público conheça e até mesmo se torne colecionador de vinis.
No Brasil, o Dia do Disco de Vinil é comemorado nesta quinta (20). A data surge na década de 70, como homenagem ao músico Ataulfo Alves, que morreu em 20 de abril de 1968. Dez anos depois, em 1978, os saudosistas passaram a usar a data para declarar seu amor pelo vinil. Por isso, a LiV conversou com um verdadeiro fã dos discos de vinil: o empresário, DJ e entusiasta musical Fred Fadel, proprietário da Gramophone Café . Além disso, ele mostrou seu acervo, história e mais. Confira!
Como começou sua paixão pelos vinis?
Acho que começou a partir do momento que ouvi a primeira música da gloriosa década de 80, tanto o rock nacional quanto o rock internacional, principalmente o britânico. Essa cultura invadiu o mundo inteiro e a América Latina não ficou de fora disso. Fiquei apaixonado por bandas de post punk como o Joy Division, New Order, o pop do Pet Shop Boys, The Smiths… A minha adolescência foi agraciada com tudo isso.
Qual é a importância que você enxerga nessa valorização do vinil?
O vinil é uma forma de arte que jamais foi esquecida, na verdade só diminuída por outras mídias. Não acabou de fato. A Europa, por exemplo, nunca fechou suas lojas de discos. Algumas fecharam e outras abriram, mas o que eu quero dizer é que não foi como no Brasil em que fecharam todas as lojas. Eu acho que a importância do vinil é enorme, você poder ouvir por ele é algo inigualável. Não só pela qualidade de som que é infinitamente melhor, mas pela experiência física com a capa, as fotos, ver quem são os artistas e compositores, todos os envolvidos naquele projeto. Isso é incomparável.
Sabemos que uma nova geração está descobrindo essa arte de apreciar os vinis. O que você acha disso?
Para mim, é uma alegria. Tenho uma filha de 19 anos, que quando eu vejo na Gramophone, por exemplo, ela e essa adolescência comprando e curtindo discos, fico muito feliz. A grande maioria prefere as plataformas de streaming, que são mais práticos mas não contém a mídia física, para você ter aquela experiência como ela deve ser.
Como você se sente vendo todas essas pessoas apaixonadas por vinil aqui no Gramophone?
É muito legal, até porque aqui no prédio funcionou durante 20 anos uma loja de discos, uma loja maravilhosa da qual eu tive a sorte de poder frequentar. A Gramophone Discos foi um sucesso nacional, e me arrisco a dizer que colocou Belém no patamar dos maiores colecionadores de discos do Brasil. A minha geração conhece e lembra, e quem não conhece, já ouviu falar. As pessoas entram aqui e ficam maravilhadas com o lugar, que é histórico. Para nós, é uma satisfação enorme.
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